Unoeste debate inteligência artificial e humanização
Mesa-redonda realizada durante o Enepe discutiu o papel da IA na saúde e na educação, com participação de especialistas da OMS e docentes

Unir o avanço tecnológico ao olhar humano no cuidado em saúde foi o grande tema da mesa-redonda “Do Pixel ao Paciente: IA a serviço do cuidado humano”, realizada na Unoeste Guarujá. O evento fez parte da programação do Encontro de Ensino, Pesquisa e Extensão (Enepe) e reuniu docentes, alunos e representantes da Organização Mundial da Saúde (OMS) para discutir como a inteligência artificial pode transformar práticas assistenciais e educacionais na área da saúde.
Participaram do debate o Dr. Mário Augusto Ferrari de Castro, a Dra. Samira El Maerrawi Tebecherane Haddad, coordenadora do curso de Medicina da Unoeste Guarujá, além da Dra. Tigest Tamrat e professora Maria Barreix, representantes da OMS. O evento promoveu uma troca de experiências entre pesquisadores brasileiros e internacionais, ampliando a reflexão sobre inovação, ética e humanização no uso da tecnologia.
IA como apoio
Ao abordar o tema sob a ótica da prática médica, a professora Samira Haddad destacou que as novas tecnologias estão ampliando o alcance e a qualidade do atendimento em saúde, especialmente em regiões onde faltam profissionais. Para ela, os avanços em telemedicina e monitoramento remoto permitem diagnósticos mais rápidos e acompanhamento contínuo de pacientes, representando um grande salto na eficiência do sistema.
“Essas ferramentas facilitam o controle de pacientes a distância e permitem a integração entre diferentes serviços de saúde, promovendo uma atenção mais ampla e conectada”, explicou.
Apesar das vantagens, a coordenadora reforçou que a tecnologia deve ser vista como aliada, e não substituta do contato humano. “O cuidado não pode se tornar mecânico. É preciso garantir que a empatia e a escuta continuem no centro da relação entre profissional e paciente”.
A professora também chamou atenção para os desafios que ainda precisam ser superados. Entre eles, estão a falta de infraestrutura em algumas regiões, a necessidade de treinamento técnico e a dificuldade em incorporar temas como saúde mental, violência e desigualdade social nas soluções digitais.
Educação médica na era digital
Com foco na formação de futuros profissionais, o Dr. Mário Augusto Ferrari de Castro ressaltou o impacto da IA na educação, especialmente no ensino médico. Ele destacou que o uso dessas ferramentas pode personalizar o aprendizado e tornar a experiência de ensino mais inclusiva.
“Uma das nossas maiores dificuldades como professores é atender cada aluno em sua individualidade. A inteligência artificial pode ser uma grande aliada nesse sentido, adaptando o conteúdo de acordo com o perfil e as necessidades de cada estudante”, explicou.
O docente mencionou ainda que o tema está em sintonia com as diretrizes da Unesco, que defende um uso da IA centrado no ser humano, com base em princípios éticos e formação docente sólida. “A tecnologia pode apoiar alunos com TDAH, dislexia ou autismo, por exemplo, oferecendo rotas personalizadas de aprendizagem e garantindo que ninguém fique para trás”, completou.
Experiências globais
Em uma perspectiva internacional, a Dra. Tigest Tamrat, da Organização Mundial da Saúde, apresentou iniciativas que buscam garantir o uso ético e seguro da inteligência artificial em diferentes contextos. Segundo ela, a OMS trabalha desde 2023 em uma série de diretrizes para orientar o uso da tecnologia em áreas como a saúde sexual e reprodutiva.
“A inteligência artificial pode ser uma grande aliada em questões como saúde materna e fertilidade, mas é preciso atenção aos riscos, especialmente relacionados à privacidade e ao uso indevido de dados pessoais”, alertou. A especialista também destacou o esforço global para que as tecnologias sejam implementadas com base em princípios de equidade, transparência e respeito às diversidades culturais.
Na mesma linha, Maria Barreix, também representante da OMS, apresentou projetos que utilizam a digitalização como forma de fortalecer o cuidado pré-natal. “Estamos construindo as bases para o uso da IA na saúde materna, desenvolvendo sistemas integrados e aplicativos que apoiem profissionais na assistência à gestante. O objetivo é, no futuro, alcançar análises individualizadas e mais precisas, beneficiando diretamente as mulheres e suas famílias”, explicou.
Notícia disponibilizada pela Assessoria de Imprensa da Unoeste