País investe pouco em pesquisa sobre cana-de-açúcar
Professor livre-docente em Ciências Agrárias abriu a IV Tecnosucro na Unoeste que prossegue até sábado (26)



A IV Tecnosucro, Semana de Tecnologia Sucroalcooleira da Unoeste, começou com um nome de peso. Marcos Omir Marques, professor livre-docente em Ciências Agrárias, foi o palestrante na noite de segunda-feira (23). Ele abordou as inovações do setor e revelou que o Brasil não investe maciçamente em pesquisa. Por isso, aponta que a tecnologia de fabricação do etanol data de 30 anos e a de açúcar é a mesma há 80 anos.
Devido a essa carência, o país precisa tomar cuidado com concorrentes fortes, como a Índia, considerada por Marques como grande entrave, apesar de o Brasil continuar como maior produtor e exportador de açúcar do mundo. Além do risco de enfraquecimento nacional do carboidrato, o cenário global do açúcar responde diretamente pela realidade em que o biocombustível da cana se encontra. “O custo do etanol está atrelado ao custo do açúcar no mercado internacional. Toda vez que sobe o preço do açúcar no mercado internacional, automaticamente o preço do etanol aqui se eleva”.
Portanto, não basta um Estado ter grande produção canavieira e muitas unidades produtoras para baratear o valor de revenda do etanol. Entretanto, esse fator contribui. Tanto que na semana passada o biocombustível mais barato do Brasil se encontrava em São Paulo, segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). A média foi de R$ 1,877 por litro nesse Estado, detentor de 54,7% da produção brasileira de etanol. Em 2010, 11 milhões de litros de etanol hidratado (usado em veículos) foram produzidos em São Paulo, de acordo com a ANP. No país foram 20,1 milhões.
Melhorar é preciso – Já há algum tempo, a atividade canavieira superou a pecuária no oeste paulista, mas ainda é preciso evoluir para ganhar mais espaço. Dados do Instituto de Economia Agrícola (IEA) mostram que em 2011 a região prudentina produziu 36,4 milhões de toneladas (t) de cana em 467,4 mil hectares (ha) – uma média de 77,8 t/ha. “Se considerar a produtividade agrícola no Estado de São Paulo, nos últimos três anos, esse valor é razoável”, frente à deficiência hídrica, ao envelhecimento do canavial e ao aumento do preço do açúcar no mercado internacional. Contudo, afirma que está aquém dentro de uma média histórica de 90 a 100 t/ha no Estado. E mais inferior ainda em relação a Ribeirão Preto, onde o primeiro corte em algumas áreas chega a impressionantes 250 t/ha.
Profissionais capacitados – Seja no campo ou na indústria, falta mão-de obra qualificada, detecta Angela Madalena Marchizelli Godinho, coordenadora do curso superior de tecnologia em Produção Sucroalcooleira da Unoeste. Então, a exigência de diploma se torna cada vez mais fundamental. O que reforça isso é que daqui a dois anos o corte de cana estará proibido em áreas mecanizáveis de São Paulo. Angela fala que melhorará tanto a produtividade, pois atesta que uma cana não queimada é de melhor qualidade para a indústria, quanto exigirá profissionais mais bem preparados. “Não só qualificará os operadores, mas outros também. Para cada máquina precisa-se de 20 homens, como mecânicos, eletricistas, bombeiros e carregadores”. Saiba mais sobre o fim da queima da cana aqui.
Notícia disponibilizada pela Assessoria de Imprensa da Unoeste