Pesquisa aponta redução na transmissão materna do HIV
Estudo orientado por docente da Unoeste foi realizado no Hospital Estadual de Presidente Prudente

Há mais de três décadas a aids tem sido tema de discussão mundial. Conforme o último Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde, de 1980 (quando surgiu o primeiro caso no Brasil) até junho de 2011, são 608.230 registros da doença no país. No sudeste, de 2000 a 2010, a taxa de incidência caiu de 24,5 para 17,6 casos por 100 mil habitantes. Mesmo com a queda, a região continua com o maior número de registro da doença. A mudança deste cenário é um desafio que envolve toda a sociedade.
Um grupo de pesquisadores de Presidente Prudente, entre eles, docentes da Unoeste, concluiu uma pesquisa que apontou grande conquista na região e, que inclusive, ganhou destaque internacional. Trata-se da redução da transmissão vertical do HIV, aquela que acontece da mãe para o filho, seja no nascimento, na gestação ou ainda no período de aleitamento materno. O estudo foi desenvolvido no Hospital e Maternidade Estadual Dr. Odilo Antunes Siqueira, onde foram avaliados prontuários de 86 mulheres soropositivas que deram a luz no período de 2002 a 2007.
O trabalho foi realizado pela farmacêutica-bioquímica do Instituto Adolfo Lutz, Vera Lucia Maria Alves Gonçalves, pela infectopediatra do Hospital Estadual e docente da Unoeste Patrícia Rodrigues Naufal Spir, pelo neuropediatra Armênio Alcântara Ribeiro e orientada pelo pesquisador e docente da Unoeste, o médico Luiz Euribel Prestes Carneiro.
Conforme o orientador, a prevalência de infecção no período pesquisado foi de 4,6%, ou seja, dos bebês das 86 mulheres, quatro foram infectados. Taxa menor que a média nacional (7,1%) verificada no mesmo período. De acordo com ele, no Brasil, a transmissão vertical vem caindo consideravelmente, sendo cerca de 20% no início da infecção. “Isso graças a medidas preventivas desenvolvidas em nível nacional e regional pelo Programa Nacional de DST/Aids do Ministério da Saúde”, salienta.
A pesquisa também apontou outros problemas na região. “13,3% das parturientes chegaram ao hospital sem fazer uso de nenhuma medicação para o HIV, e 9,1% nem mesmo sabiam que estavam infectadas”, revela Carneiro. Mesmo com a significativa redução, o pesquisador salienta que este resultado mostrou que apesar dos esforços do sistema público de saúde na assistência universal e gratuita ao acompanhamento pré-natal, muitas gestantes chegam ao momento do parto sem terem sido testadas para a infecção pelo HIV.
O professor discorre que trabalhos como este podem servir de base para as tomadas de decisões regionais e nacionais, já que uma das conclusões é de que ainda existem muitas mães que chegam ao hospital sem serem testadas. “A partir destes dados, todas as parturientes nos últimos anos fazem o teste rápido para HIV no momento do parto, e se positivo, mãe e bebê recebem tratamento profilático”, conclui.
Em razão da relevância do assunto, o estudo foi publicado, recentemente, por uma revista internacional de epidemiologia, com o título HIV-1-mother-to-child transmission and associated characteristics in a public maternity unit in Presidente Prudente, Brazil. O material pode ser acessado na íntegra no endereço //www.pubmed.gov.
Situação atual – O professor orientador acrescenta que o mesmo grupo concluiu, em 2011, uma pesquisa bem ampla relacionada a transmissão vertical do HIV nas regiões de Araçatuba e Presidente Prudente. O estudo, iniciado em 2009, apontou que a transmissão materna do HIV na região de Araçatuba foi de 5,5%, e 6,5% em Prudente. Os resultados deste trabalho foram publicados na revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical. “Já para a revista internacional, como o grau de exigência é muito alto, ficou decidido pela divulgação de dados específicos do Hospital Estadual de Prudente. Para ser publicado precisou sofrer três revisões”.
Notícia disponibilizada pela Assessoria de Imprensa da Unoeste