Filha de hondurenho com brasileira faz intercâmbio na Europa
Estudante de Medicina elege a Espanha motivada por ser um país de idioma castelhano, sua língua paterna


Estudar fora do país é algo que gera certa apreensão nos pais, mas não no caso da estudante de Medicina da Unoeste, Francis Garcia Sevilla. É que seu pai, Oscar Sevilla Andino, trocou Honduras pelo Brasil, exatamente para estudar. Fez Medicina Veterinária na Universidade Federal de Pelotas. Constituiu família e permanece no Rio Grande do Sul. Agora, sua filha do meio é contemplada por intercâmbio custeado pelo governo federal. O programa Ciência sem Fronteiras a manterá por 12 meses na Europa, na Universidade de Málaga. Escolheu a Espanha por ser um país de idioma castelhano, sua língua paterna e com a qual tem facilidade em se comunicar.
Gaúcha de Rio Grande e com a família atualmente radicada em Dom Pedrito, próximo a Bagé, Francis conta que sua mãe, Magda Garcia Sevilla, parou o curso de Enfermagem para cuidar das filhas e atualmente é dona de um mercadinho. Seu pai permanece na profissão na qual se formou. Sua irmã mais velha, Gabriela, saiu de casa aos 17 anos para estudar em Porto Alegre e, devido a poucos recursos, se virou como pôde e morou em casa de estudantes. Fez Ciências Sociais. Esteve na Espanha por um mês, num intercâmbio com a Universidade Autônoma de Madri. Atualmente, faz mestrado em Antropologia.
A irmã mais nova, Shani, faz graduação em Oceanologia, desde 2010. Francis ingressou na Unoeste em 2011 na condição de bolsista do Programa Universidade para Todos (Prouni), ofertado pelo governo federal. A boa nota no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) no ano anterior possibilitou a condição de bolsista, sem a qual não teria condições de alimentar o sonho de ser médica, vivido desde muito cedo. Antes de ingressar na Medicina, fez um semestre de Políticas Públicas na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Quando recebeu a aprovação de bolsa, a opção era uma universidade que abrisse turma no segundo semestre. Não havia no Sul, então buscou informações pelo Brasil adentro e encontrou a Unoeste com boas referências em ensino superior. Então, mudou-se para Presidente Prudente, uma cidade que não conhecia. Está feliz com a universidade e com a cidade. Vai bem nos estudos e neste semestre fecha a metade do curso, no qual seu histórico escolar contribuiu para conquistar a bolsa do intercâmbio. Outros fatos que ajudaram foram a prática extensionista na Caravana da Saúde e a iniciação científica, possibilitada pela universidade junto ao Hospital Regional (HR) de Prudente.
Há mais de um ano, Francis está inserida no projeto de pesquisa da Sociedade Brasileira de Cardiologia, pelo qual lida diretamente com pacientes hipertensos, orientada pela professora Margaret Assad Cavalcante. Com viagem programada à Espanha para a segunda quinzena de agosto, já está se informando sobre eventos e pretende se inscrever no Congresso da Sociedade Europeia de Cardiologia, a ser realizado no fim de agosto e começo de setembro em Barcelona. Todavia, ainda não definiu em qual especialidade médica pretende atuar. Portanto, poderá ser cardiologia ou não.
Sua expectativa é de que a experiência internacional poderá ajudar a optar pela área de atuação profissional. Não é nem questão de indecisão, mas de alguém que espera amadurecer seu pensamento em relação às oportunidades que vão se apresentando. Assim como decidiu ser médica muito cedo, desde criança, Francis tem uma certeza: a de que irá clinicar, para estar mais próxima das pessoas em geral. Os estudos em Málaga serão a partir de setembro e os entendimentos agora são sobre a grade curricular, assunto para o qual tem o apoio da coordenadora pedagógica do curso, Nilva Galli.
Sobre a inscrição e todo o trâmite de intercâmbio, o amparo é do assessor de relações interinstitucionais da Unoeste, Dr. Antonio Fluminhan Júnior. Francis achava que não poderia ser bolsista do Ciência sem Fronteiras por ter a bolsa do Prouni. Descobriu o contrário ao ler no portal da universidade uma notícia sobre o colega do curso de Medicina, Dario Tenório Tavares Neto, também do Prouni e que conseguiu intercâmbio na Holanda. Então, no começo de 2013 procurou pelo Dr. Fluminhan. “Ele foi superacessível, deu dicas e tirou todas as dúvidas, me tranquilizou e me motivou”, conta.
Francis comenta que o maior incentivo vem de sua irmã Gabriela, por ser uma pessoa afeita à luta e que não se acovarda diante das dificuldades. Mantém a esperança de poder acrescentar muito a sua formação profissional a experiência a ser vivida na Espanha, onde pretende melhorar o idioma castelhano, com o qual convive desde que nasceu, e o inglês, sobre o qual tem apenas leitura. “Teremos aulas com professores, nas disciplinas da área médica, tanto de uma língua quanto de outra”, diz a bolsista, que tem contato com a Universidade de Málaga e, pelas redes sociais, com outros estudantes brasileiros que estão ou que irão para a Espanha.
Notícia disponibilizada pela Assessoria de Imprensa da Unoeste