Pesquisa sobre prematuridade ganha destaque internacional
Estudo iniciado na Unoeste mostra resultados positivos na prevenção da prematuridade e da pré-eclâmpsia na região
                                        O mês de novembro é marcado pela campanha Novembro Roxo, dedicada à conscientização sobre a prematuridade — no Brasil, 1 a cada 10 nascimentos acontece antes das 37 semanas de gestação, colocando o país entre os 10 com maior número de partos prematuros no mundo, segundo o Ministério da Saúde.
O Dia Mundial da Prematuridade, celebrado em 17 de novembro, busca alertar a sociedade para o crescente número de partos pré-termo e para as consequências que eles podem trazer à saúde dos recém-nascidos.
Atenta a esse cenário, a professora doutora Bruna Ribeiro de Andrade Ramos, da Unoeste, coordena uma pesquisa que busca identificar e tratar fatores de risco modificáveis para o parto pré-termo e para a pré-eclâmpsia, complicações que afetam milhares de gestantes todos os anos.
A ideia do estudo surgiu em 2019, durante um workshop promovido pela Fapesp que abordava doenças crônicas não transmissíveis. A partir desse momento, Bruna decidiu relacionar o tema com a sua área de pesquisa: a prematuridade.
Desde então, o projeto é desenvolvido em colaboração com o médico obstetra João Aguera e em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde de Jaú, com atendimentos realizados no Gestar, onde são acompanhadas gestantes desde o primeiro trimestre de gravidez.
“Nosso objetivo é acompanhar as gestantes ao longo dos três trimestres, identificar os fatores de risco e tratá-los, reduzindo as chances de parto pré-termo e de desenvolvimento de pré-eclâmpsia”, explica a professora. Atualmente, 164 gestantes já foram atendidas, e a meta é alcançar 300 participantes.
Mesmo em andamento, os resultados parciais já são animadores. Enquanto a taxa de prematuridade em Jaú varia entre 13% e 18% (DataSUS), o estudo registra uma média de 7%, índice abaixo até da média nacional e estadual, que é de 11%.
Além disso, cerca de 20% das gestantes atendidas foram identificadas com risco de pré-eclâmpsia, condição também associada à prematuridade, com a possibilidade de realizar o manejo e o tratamento preventivo.
                        
O trabalho ganhou destaque internacional e o grupo foi convidado a apresentar os resultados parciais no congresso da organização internacional Prebic (Preterm Birth International Collaborative), da qual faz parte, liderando o novo braço da entidade para a América do Sul e Central (Prebic South and Central America).
Além do reconhecimento, o grupo também teve o protocolo do estudo publicado na revista Global Health Action, de saúde pública. “É um passo importante para consolidar o trabalho e buscar novos financiamentos”, comenta a pesquisadora.
A pesquisa conta com a participação das professoras Rita de Cássia Viveiros, Marina Turini e Natália Lucatto, além de docentes colaboradores de outras instituições, como Unesp, Unicamp e Universidade do Texas. O grupo também envolve alunos da graduação e da pós-graduação, que participam ativamente dos atendimentos semanais, da coleta de dados e das reuniões.
A docente destaca que os alunos são parte essencial do projeto, pois têm contato direto com a pesquisa aplicada, aprendem sobre o manejo clínico e participam ativamente da construção do conhecimento científico.
Formação técnica e humana
“Participar dessa pesquisa tem um papel na minha formação técnica e humana. Me esforço para ter um conhecimento científico atualizado, além de estudar sobre a saúde da mulher. E enquanto pratico essa medicina técnica, conduzo os atendimentos desenvolvendo a humanização, ou seja, sendo clara nas colocações e explicações, cuidadosa nos exames e respeitosa na conversa”, comenta Bianca Bizotto, aluna de Medicina, do 9º termo.
A estudante conta que conheceu o projeto quando procurava por uma linha de pesquisa para realizar seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), momento em que os alunos entram em contato com diversos professores para conhecer a linha de pesquisa de cada um e poder contribuir com pesquisa científica em alguma temática.
Bianca colabora com diferentes etapas do fluxograma de atendimento à gestante, como entrevista inicial, aferição de pressão arterial, exame ginecológico, auxílio na inserção dos dados no sistema para cálculo de riscos, além de discussões com as pacientes sobre a importância de modificar hábitos a fim de reduzir o risco de desenvolver pré-eclâmpsia e prematuridade.
“São muitos momentos marcantes, sejam eles durante as consultas ou relacionados ao desfecho materno-infantil. Por exemplo, quando algumas gestantes falam sobre a gratidão com o acolhimento, e quando se emocionam vendo seu bebê no ultrassom . Além disso, quando enviam para a equipe fotos de seus bebês, dizendo o quanto estão saudáveis e são gratas por participarem do projeto”.
Notícia disponibilizada pela Assessoria de Imprensa da Unoeste