Pesquisa avalia citologia no diagnóstico de lesões orais
Estudo foi desenvolvido por alunos de Odontologia e professores da Unoeste

Sabe-se que o diagnóstico precoce ainda é o melhor caminho para a cura de doenças, como o câncer, por exemplo. Desta forma, pesquisadores e profissionais da saúde buscam, constantemente, métodos eficazes de identificação de patologias. Com este objetivo, os alunos Eder da Silva Dolens e Fabrícia Venâncio Dolens Nakai, ambos do 8º termo de Odontologia da Unoeste, juntamente com a orientadora doutora Gisele Alborghetti Nai, e com o coorientador, o professor José Luiz Santos Parizi, finalizaram o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) que comprova a eficácia da citologia no diagnóstico de lesões orais.
Apesar da banca de defesa estar marcada para outubro, o estudo já ganhou destaque internacional. É que recentemente, o artigo intitulado Cytopathology: A Useful Technique for Diagnosing Oral Lesions?: A Systematic Literature Review (Citopatologia: uma técnica aplicável para o diagnóstico de lesões da cavidade oral? Revisão sistemática da literatura), foi publicado na Diagnostic Cytopathology, revista internacional conceituada na área de citopatologia, que disponibiliza o PDF do artigo on-line.
Conforme a doutora Gisele, o trabalho teve como principal objetivo avaliar a eficácia da citopatologia para o diagnóstico de lesões orais e incentivar o uso deste método pelos dentistas. Segundo ela, apesar de a técnica ter inúmeras vantagens, como baixo custo, rapidez e facilidade de execução, dispensa da anestesia, menos desconforto para o paciente e poucas contraindicações, ainda é pouco difundida entre os profissionais. “Esperamos que estes resultados incentivem os dentistas a usarem mais a citologia no diagnóstico de lesões orais, principalmente nos casos de câncer de boca”, enfatiza.
O estudo foi desenvolvido através de revisão sistemática que, conforme a orientadora, consiste num tipo de investigação científica realizada para responder a uma pergunta específica e que reúne vários estudos originais, sintetizando os resultados, através de algumas estratégias que tentam minimizar ou limitar as possibilidades de erros aleatórios. “É uma ferramenta muito boa, pois permite avaliação de um melhor esquema de tratamento, ou melhor, teste diagnóstico para uma determinada doença, de forma mais prática”.
A pesquisa foi desenvolvida em aproximadamente dois anos e foi baseada em 14 artigos, de um total de 80 selecionados pelos autores. Segundo o coorientador, para iniciar a revisão sistemática, os professores fizeram um curso on-line oferecido pela Escola Paulista de Medicina. “Poucas universidades têm trabalhos publicados com esta metodologia”. José Luiz comenta que durante o estudo eles tiveram a colaboração do estatístico Ricardo Luis Barbosa. “Não seria possível desenvolver uma pesquisa como esta sem a ajuda de um bom estatístico”, frisa.
O professor também destaca a publicação internacional. “É uma revista científica bem conceituada na área e que poucos pesquisadores conseguem publicação. Aliás, estamos falando do mundo inteiro, não apenas do Brasil”. Gisele ressalta que além de divulgar o nome da universidade, também reforça aos alunos que os TCCs merecem ser publicados. “É um estímulo aos acadêmicos a fazerem iniciação científica”.
Fabrícia concorda com a professora, afinal, eles se dedicaram quase dois anos no trabalho. Segundo ela, o estudo lhe proporcionou uma visão mais ampla da área. “A citopatologia é uma forma menos agressiva e pode substituir a biopsia. É importante que o profissional possa diagnosticar”.
Já para Eder, além de aprofundar os conhecimentos no assunto, o trabalho contribuiu para aumentar ainda mais sua vontade de continuar na área acadêmica. É que o aluno está entre os selecionados para ingressar no mestrado em Biologia Oral da USP de Ribeirão Preto. Com o artigo publicado na revista científica, sua chance de conquistar a vaga ficou ainda maior. “Foi o diferencial no meu currículo. A pontuação é maior para quem tem publicação, principalmente quando o periódico é bem conceituado”, destaca.
Repercussão – A orientadora lembra que o trabalho foi um desafio para todos os envolvidos, tanto para eles professores, que pela primeira vez utilizavam a revisão sistemática, como para os alunos, que precisaram enfrentar a barreira da língua, pois todos os artigos eram em inglês. “Contamos com a importante ajuda da bibliotecária Jakeline Ortega na seleção inicial dos artigos”, salienta.
Esforço e dedicação que já têm gerado boa repercussão. Em 2010, os resultados parciais do estudo foram apresentados no International Congress of the International Academy of Pathology e no Encontro de Ensino, Pesquisa e Extensão (Enepe) da Unoeste. Com o resultado, um dos estudiosos sobre o assunto, o professor Ravi Mehrotra, do Departamento de Patologia, Moti Lal Nehru Medical College, Allahabad, da Índia, entrou em contado com os pesquisadores da Unoeste para obter mais detalhes do trabalho.
Entenda a técnica – A doutora Gisele explica que a citopatologia “é o estudo microscópico de amostras de células coletadas de superfícies mucosas [via esfregaços, raspagem ou lavagem] ou de sítios internos através de aspiração por agulha fina. Estas amostras são fixadas numa lâmina de vidro e enviadas para um laboratório onde são coradas e analisadas ao microscópio para classificar as células com base no grau de morfologia anormal, identificando cânceres, lesões pré-neoplásicas e inflamatórias”.
Notícia disponibilizada pela Assessoria de Imprensa da Unoeste