Motivação sobre a língua japonesa independe de descendência
Constatação ocorre com pesquisa aplicada em curso público que atende alunos com e sem antecedência nipônica
Dentre mais de uma dezena de trabalhos de conclusão de curso apresentados esta semana na Especialização em Avaliação do Ensino e da Aprendizagem, junto ao Núcleo de Educação a Distância (Nead) da Unoeste, uma pesquisa sobre aprendizado da língua japonesa apresenta dados interessantes e até curiosos. A autora Clara Yoshiro Hori Takigawa constatou que a motivação independe da descendência e que num curso público disponibilizado pela rede estadual de ensino em Presidente Prudente a maioria dos alunos não possui grau de parentesco nipônico.
Graduada em engenharia da produção pela Universidade Estadual de Maringá (UEM) e mestre pela Unesp de Bauru, Clara estudou oito anos de língua japonesa, por conta de sua origem. Manifestou-se surpresa com o resultado da pesquisa, dizendo ter quebrado um paradigma que trazia desde a infância: o de que a maioria dos interessados nesse aprendizado seria descendente. Também achava que a descendência estaria entre os fatores de motivação capazes de resultarem em melhores resultados nas avaliações para os filhos, netos ou bisnetos de japoneses.
“Não há relação direta entre a motivação do aluno no processo de aprendizagem com sua antecedência racial, assim como com seu desempenho nas avaliações”, relatou na conclusão da pesquisa, que ainda apurou que a intensidade é mais significativa que a quantidade sobre fatores que motivam o aluno para o aprender. No estudo com alunos concluintes de curso da língua japonesa, num centro estadual de línguas, Clara buscou a relação entre motivação e o desempenho na avaliação da aprendizagem.
Clara sentiu-se motivada em realizar a pesquisa por algumas razões pessoais: sua descendência, o conhecer a língua e ser de uma região em que são muitos os descentes de japoneses e na qual são oferecidos vários cursos que ensinam a língua, em escolas de idiomas, públicas e privadas, associações e templos religiosos. No centro onde o questionário da pesquisa foi aplicado são 87 alunos que estudam a língua japonesa, dos quais 46 do sexo masculino (53%) e 41 do feminino (47%), sendo 47 não descendentes de japoneses (54%) e 40 descendentes (46%).
Participaram da pesquisa 15 alunos do terceiro estágio nível II, o último do curso com duração de três anos. O que significa já terem estudado dois anos e meio. Destes, sete são descendentes de pai e mãe, seis de pai ou mãe e dois sem descendência. Na análise do perfil motivacional, a maior motivação apresentou 13 pontos dos 17 possíveis e quatro para a menor. Dois responderam que são muito motivados, nove motivados e quatro pouco motivados. Quanto a nenhuma motivação não houve manifestação. “O que explica estarem no último estágio. Um aluno sem motivação não teria chegado até aqui”, disse a autora da pesquisa.
São alunos avaliados com aplicações de provas tradicionais e pelas atividades de produção oral, leitura e compreensão, produção escrita, ortoépia (explicação de texto e perguntas e respostas), compreensão auditiva e participação. Por ser mais fácil entender do que falar, as maiores notas são na compreensão auditiva e as menores na produção oral, porém com a média geral de 8,2 de 10 possíveis. As notas das avaliações das habilidades são compatíveis com as das provas.
Na comparação das notas obtidas com o grau de motivação manifestado pelos alunos ao responder o questionário, constatou-se que a intensidade é mais importante que a quantidade. Um aluno que se disse muito motivado obteve a média 8, sendo a nona melhor nota entre os 15 que participaram da pesquisa; enquanto um dos que se considerou como pouco motivado ficou em terceiro lugar com 9,2. Tanto o mais quanto o menos motivado são descentes de japoneses por pai e mãe.
Com este e outros cruzamentos de informações extraídas da leitura da pesquisa, Clara pode constatar que a motivação não depende da relação de etnia. “É uma relação que não existe nem para motivação e nem para o desempenho de nota. O bom desempenho não é exclusividade de descendentes”, comentou a aprovada para receber o título de especialista em Avaliação do Ensino e da Aprendizagem, avaliada por Luciene Cachefo Ribeiro (orientadora), Maria Eliza Nigro Jorge e Marcelo Creres Rosa, acompanhados por Ana Lúcia Farão de Carneiro Siqueira, da equipe do Nead.
Notícia disponibilizada pela Assessoria de Imprensa da Unoeste