Rebanho de gado pode ser acrescido com 10 milhões de cabeças

Dos 20 milhões de hectares ocupados pela produção agropecuária no Estado de São Paulo, 6 são de pastagem. Dessa área de criação de gado, estima-se que 20% sejam conduzidas de forma satisfatória. Outros 20% estão fora do sistema produtivo, consumidos por voçorocas. Os 60% restantes, que superam 3 milhões de hectares, encontram-se em alguma fase de degradação, entre moderada e de grandes erosões. Há uma mobilização de especialistas na área de conservação do solo e engenharia rural para recuperação da pastagem, com o emprego de sistemas agrosilvopastoris, que poderá resultar numa revolução socioeconômica no campo. A estimativa para a criação de gado é de que o rebanho paulista poderá ser acrescido com 10 milhões de cabeças.

A iniciativa da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati), órgão extensionista da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, é desenvolvida em parceria com a Unoeste. Estão envolvidos professores pesquisadores que atuam na graduação e pós stricto sensu, que mantém junto à Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-graduação o Programa de Mestrado e Doutorado. Juntos capacitam os especialistas da Cati, engenheiros agrônomos que atuam nas 25 Unidades Técnicas de Engenharia (UTE) espalhadas pelo interior e litoral. Nesta quarta (19) e quinta-feira (20) ocorre o terceiro módulo da capacitação. Hoje, o dia todo e amanhã pela manhã com aulas expositivas e dialógicas no campus da Unoeste, no auditório do Núcleo de Educação a Distância (Nead).

O terceiro módulo será encerrado amanhã à tarde com visita técnica numa propriedade no município de Tarabai, onde é utilizado o sistema agrosilvopastoril, com excelentes resultados. É o que diz o diretor do Centro de Informações Agropecuárias (Ciagro), órgão da Cati com sede em Campinas, engenheiro agrônomo Mário Ivo Drugowich, que conduz a capacitação juntamente com o coordenador da graduação em Agronomia da Unoeste, Dr. Carlos Sérgio Tiritan. Drugowich conta que em 2004 a Cati iniciou a propagação do sistema, mas encontrou resistência cultural dos agropecuaristas. Ainda assim, conseguiu avançar significativamente numa das ações que é o plantio direto. Em quatro anos essa prática, que mantém o solo ocupado por plantas ou resíduos, saltou de 35 mil para 1 milhão de hectares.

No ano passado, o programa de recuperação de áreas degradadas foi retomado e ganhou o aporte oficial da Secretaria com o envolvimento de todos os seus órgãos, incluindo a área de pesquisa. A secretária engenheira agrônoma Mônika Bergamaschi, em entendimento com o governador Geraldo Alckmin, elegeu o programa como uma das ações no campo para atender os objetivos da Rio+20, com a implementação de práticas ambientais. Em outubro do mesmo ano, ocorreu o primeiro módulo da capacitação voltada a montar unidades demonstrativas em propriedades privadas, para que o produtor possa conhecer a aplicação real da proposta. Entre aquele evento e as atividades em dia de campo no mês de abril deste ano, ambos na Unoeste, o segundo módulo consistiu de excursões técnicas em Guaira, Brotas e Votuporanga.

Com a adesão da Secretaria, o Fundo de Expansão do Agronegócio Paulista (Feap) criou linha de crédito específica para recuperação de pastagem e agora busca viabilizar outra linha de financiamento, essa para combater voçorocas. Sobre a capacitação, além de Tiritan, dois outros professores da Unoeste estão envolvidos: Edemar Moro e Neimar Rotta Nagano, juntamente com Sérgio Savastano, Ricardo Manfredini e João Menezes Neto, da Cati; Fábio Antônio Cagnin, da IrrigaRural; e Geraldo Morelli, do Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), todos conhecedores do sistema agrosilvopastoril que integra lavoura, pastagem, árvores e arbustos.