Diagnóstico do HIV em gestantes é abordado em estudo
Precursor na região de Prudente, estudo de Ciências Biológicas da Faclepp constata resultados que podem contribuir para a melhoria do diagnóstico precoce da grávida infectada pelo vírus da Aids


Entende-se por transmissão vertical do HIV a situação em que a criança é infectada pelo vírus da Aids durante a gestação, parto ou amamentação. Contudo, existem medidas eficazes que reduzem o risco desta transmissão como, por exemplo, o diagnóstico precoce da gestante infectada e o acompanhamento no pré-natal. Diante destes aspectos, a acadêmica do 8º termo do bacharelado em Ciências Biológicas da Faculdade de Ciências Letras e Educação (Faclepp) da Unoeste, Esperdina Silva de Paula Foltran, realizou o estudo “Avaliação das novas estratégias de acesso ao diagnóstico laboratorial do HIV em situação especial – gestantes”.
A pesquisa desenvolvida como Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) da graduação recebeu a orientação da docente da universidade, Rebeca Delatore Simões e co-orientação da pesquisadora do Instituto Adolfo Lutz e egressa da Unoeste, Lourdes Ap. Zampieri D'Andrea. “Este trabalho realizou um estudo baseando-se em análises quantitativas sobre as condições da implementação da Portaria SVS/MS N° 151/2009, que considera a necessidade do diagnóstico rápido pelo HIV em situações especiais – gestantes, referindo-se às suas etapas sequenciadas para a conclusão do diagnóstico do HIV”, explica Esperdina.
De acordo com a aluna a ideia de desenvolver este trabalho surgiu por conta da sua atuação profissional. Há 19 anos ela atua no Instituto Adolfo Lutz nos laboratórios de Biologia Molecular (Carga Viral do HIV e Hepatites Virais) e de Citometria de Fluxo (Contagem de Linfócitos T CD4+/CD8+).
“Um destes ambientes faz o teste de Quantificação da Carga Viral do HIV, o que me permitiu observar que após implantação da Portaria 151, uma grande parcela das gestantes não efetuava a coleta específica para realizar este exame. Como a implantação desta normativa ocorreu no final de 2009, época em que ingressei na Unoeste e sabendo que o TCC era parte da conclusão do curso, vi neste momento um assunto interessante para uma pesquisa, visando investigar onde estava a falha: se na recusa pela gestante em dar continuidade as etapas sequenciadas para o diagnóstico ou no serviço básico de saúde que não soube orientar ou interpretar as etapas do Fluxograma Mínimo para diagnóstico Laboratorial do HIV contido na portaria”, argumenta Esperdina.
Ela descreve que o Ministério da Saúde estabeleceu várias medidas para facilitar o acesso, em menor tempo, ao diagnóstico da infecção pelo HIV. “É relevante dizer que o Brasil tem como meta eliminar a transmissão vertical do HIV até o ano de 2015”. A acadêmica diz que a Organização Pan-americana da Saúde (Opas) define a eliminação da transmissão vertical do HIV, quando são alcançadas taxas de incidência menores que dois casos de HIV para cada 100 mães infectadas. “Este objetivo de eliminação não é apenas brasileiro, mas sim, mundial, claramente expressa no Global plan towards the elimination of new infections among children by 2015 and keeping their mothers alive, lançado em 2011 pela Joint United Nations Program on HIV/AIDS (Unaids) e na Iniciativa Regional para a eliminação da transmissão materno-infantil de HIV e sífilis na América Latina e Caribe, da Opas”.
Sobre os resultados observados no estudo, Esperdina declara que cerca de 60% dos serviços de saúde da área de abrangência do CLR IAL PP-V implementaram as medidas recomendadas pela portaria federal. “Constatou-se também, que houve perda de seguimento ou demora nas tomadas de decisão quanto à conclusão do fluxograma mínimo no diagnóstico do HIV, o que pode colocar em risco o sucesso da prevenção da transmissão vertical do vírus”. Ela observa que estas constatações podem contribuir na melhoria da qualidade assistencial pré-natal ofertada à população, traduzindo-se em uma ferramenta de avaliação dos serviços de saúde municipais que prestam atendimentos primários à saúde pública.
“É importante que exista uma capacitação e conscientização dos profissionais de serviços de saúde, para que eles consigam promover, junto às gestantes, a continuidade das medidas preventivas, possibilitando, de forma global, que o Brasil atinja a meta de eliminação da transmissão vertical do HIV até 2015”, pontua Esperdina.
Rebeca destaca que este trabalho é precursor na região de Presidente Prudente, sendo que não há nenhum estudo semelhante com esta abordagem. “Foi uma pesquisa comprometida que envolveu não só a aluna, como também a sua co-orientadora. É válido lembrar que os resultados constatados podem contribuir na melhoria do sistema de saúde fornecendo orientações que ajudem no cumprimento eficaz da Portaria nº. 151”, conclui.
Banca – A defesa pública do TCC de Esperdina ocorreu recentemente. Compuseram a banca, sua orientadora e o professor convidado da Faclepp, Rodrigo Metzker Pereira Ribeiro, que na ocasião observou a relevância deste estudo.
Notícia disponibilizada pela Assessoria de Imprensa da Unoeste