Pesquisa desenvolve cultivar de milho próprio para a região
Busca-se um genótipo que se adapte em especial ao solo arenoso, ao clima e à estação com períodos de veranico


Desde 2001 é desenvolvido na Unoeste um programa de melhoramento genético do milho, com a finalidade de desenvolver cultivar adequado à região oeste paulista. A proposta é encontrar um genótipo adaptado às condições do solo com textura predominantemente arenosa, o latossolo vermelho, que resista ao clima com temperatura acima de 35 graus e que suporte o estresse hídrico durante períodos de veranicos, quando não chove por 15 dias ou mais. Livre de depressão endogâmica – fenômeno pelo qual o milho híbrido, se utilizado para novo plantio, produz cada vez menos – o novo cultivar possibilitará utilizar como semente o próprio milho colhido na safra anterior.
Produção resistente às condições adversas é o que se pretende, além de proporcionar a vantagem ao produtor de não ser preciso comprar semente para a safra posterior. Essa condição representa redução do custo a cada plantio de pelo menos 10%, o que também é muito significativo para as assentados pela reforma agrária na região de Presidente Prudente e aos agricultores familiares em geral. As vantagens proporcionadas por um cultivar específico poderão ser bem recebidas pelos usineiros no ciclo dos canaviais, sendo que a cada três ou quatro anos são feitas as renovações, tirando a cana para plantar outra.
Nessa renovação, a terra pode ficar ociosa por seis meses, período apropriado ao milho safrinha, enquanto produção de ciclo curto. O novo cultivar também está voltado em atender essa necessidade, com a expectativa de colheita de 120 a 130 dias após o plantio, variando de dez a 30 dias a menos que os cultivares tradicionais, que levam de 140 a 150 dias. Feito o cultivo do milho de maio a setembro, a renovação da cana pode ser feita em outubro. Um benefício para uma região na qual se encontra em franca expansão o setor sucroalcooleiro.
O atual experimento, desenvolvido no Laboratório de Citogenética e Bioinformática da Unoeste, com o cultivo na área experimental do campus II, resulta do intercruzamento de seis cultivares híbridos comerciais e de duas variedades, comumente utilizados na região. O primeiro de dois ensaios neste ano de 2014, respectivamente de verão e de inverno, teve o plantio na segunda quinzena de dezembro, com a colheita prevista para abril. Foram plantadas 24 linhas de 60 metros, numa área de 1,5 mil metros quadrados, com cerca de 7 mil plantas, dentre as quais haverá a seleção das mais promissoras.
O grupo de pesquisa em melhoramento vegetal, liderado pelo pesquisador engenheiro agrônomo Antonio Fluminhan Júnior e cadastrado no Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), irá selecionar na colheita entre 200 e 300 plantas, as mais promissoras, com as espigas mais bem formadas. O que representa uma taxa de 5%, com a utilização de rigorosos critérios para produzir a geração do próximo cultivo. Este será o terceiro ciclo de seleção de cinco previstos, sendo que a partir do quarto poderá ser feito o registro do cultivar junto aos órgãos oficiais da Secretaria de Estado da Agricultura e do Ministério da Agricultura e Abastecimento.
Pelo que se tem notícia no segmento de ciências agrárias da própria instituição, pela primeira vez a Unoeste terá o registro que irá lhe assegurar os direitos de propriedade intelectual. Além do que, o registro é considerado produção científica. Portanto, contribuirá para enriquecer a produção da universidade e os currículos dos pesquisadores do grupo que, além de Fluminhan Júnior, conta com Tadeu Alcides Marques, Vagner Camarini Alves, Carlos Sérgio Tiritan e Paulo Claudeir Gomes da Silva, e também de alunos do mestrado e doutorado e os inseridos em iniciação científica na graduação em Agronomia.
Esse é o segundo cultivar de milho produzido na Unoeste. O primeiro resultou de 12 cultivares híbridos comerciais, iniciado em 2001 e concluído em 2003. Na comparação com os 12 cultivares, o desenvolvido na universidade ficou em terceiro lugar, considerando comprimento e circunferência de espiga, peso médio por espiga e produção por hectare. Perdeu somente para dois híbridos comerciais. Com o atual experimento, ao final será feita idêntica comparação, a partir do plantio dos seis cultivares híbridos comerciais, das duas variedades e do novo cultivar.
Até 2004, os experimentos eram feitos na fazenda experimental da Unoeste no município de Presidente Bernardes (SP). Era em grandes áreas e não se utilizava irrigação. Na área experimental do campus II, o cultivo de canola tem três linhas de irrigação e o de milho está com uma, mas com a previsão de mais duas e a certeza de mais uma, para a qual já estão disponíveis tubulação, conexão, bicos aspersores e registros. Por esses dias, assim que parar de chover, a equipe de trabalho a campo promoverá adubação de cobertura com ureia (fonte de nitrogênio) e pulverização com inseticida, contra a lagarta do cartucho.
Notícia disponibilizada pela Assessoria de Imprensa da Unoeste