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Pesquisador inicia estudos sobre o lixo urbano em Prudente

Trabalho científico em pós-doutorado ocorre em três eixos, que são sobre catadores, incineração e reciclagem


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Foto: João Paulo Barbosa Pesquisador inicia estudos sobre o lixo urbano em Prudente
Dr. Maurício Waldman: autoridade no assunto meio ambiente


Pelo Programa Nacional de Pós-doutorado (PNPD), ofertado pelos ministérios da Educação e de Ciência e Tecnologia, encontra-se em Presidente Prudente o renomado sociólogo, ambientalista e ativista social brasileiro, Dr. Maurício Waldman. Inscrito no mestrado em Meio Ambiente e Desenvolvimento Regional da Unoeste, teve seu projeto aprovado. Foi o candidato selecionado e contemplado com bolsa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) por 12 meses, prorrogáveis por outros 12. Terá de um a dois anos para produzir o trabalho científico a que se propôs. São estudos sobre o lixo urbano em Presidente Prudente e sua área regional de influência, iniciados esta semana com o levantamento preliminar de informações em três eixos: catadores, incineração e reciclagem.

Graduado em ciências sociais, mestre em antropologia social e doutor em geografia humana pela Universidade de São Paulo (USP), o paulistano Waldman faz na Unoeste o seu terceiro pós-doutorado. Em 2010, fez o primeiro no Departamento de Geografia do Instituto de Geociências da Unicamp, sendo o segundo em 2012 e 2013 na PUC, com pesquisa no campo das relações internacionais e foco na questão de águas doces na África Austral. De 16 livros produzidos, incluindo um que está no prelo, dez são sobre questões do meio ambiente. Em 2011, foi finalista do Prêmio Jabuti. No quesito melhor livro de ciências naturais, ficou entre os dez primeiros de 1.337 inscritos, com a obra “Lixo: Cenários e Desafios”, publicada pela editora Cortez, em 2010.

Waldman tem mantido relações com as comunidades científica e acadêmica de Presidente Prudente nos últimos 16 anos, iniciadas em 1997 quando ministrou palestras no campus da Unesp e consolidadas ao longo dos anos como convidado em eventos realizados pela Unoeste. Daí seu interesse em desenvolver estudos na cidade, onde a cada 15 dias passará uma semana com atividades de pesquisa e de docência no mestrado mantido junto à Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-graduação, coordenado pelo Dr. Gustavo Maia Souza. Como ainda está delineando os estudos, o pesquisador considera prematuro estabelecer uma visão da cidade sobre a questão do lixo urbano. Num plano geral, manifesta apreço pela figura do catador, que representa uma produção de 98% da reciclagem brasileira, onde a recuperação média é de 13%.

Os outros 2% da produção são de programas institucionais, sendo que dos 5.565 municípios brasileiros somente 2,5% mantêm acordo de parcerias com catadores, trabalhadores sem reconhecimento social. Waldman entende como muito discutível a incineração de lixo urbano em cidades brasileiras, pelo impacto social em relação ao trabalho do catador e pela extinção de matéria-prima da indústria recicladora, a menos que sejam seguidos exemplos como o da Alemanha, onde o lixo é incinerado, mas apenas o restante da recuperação que é de 48%. Ainda assim, a incineração apresenta outro problema que é a emissão de metano, também interferente no aquecimento global, ainda que em menor proporção que o dióxido de carbono.

Sobre a reciclagem, aponta que no país a média de 13% é da fração sólida do lixo, enquanto da fração úmida (lixo orgânico) a recuperação é bem menor: apenas 2%. Um problema frequente está na resistência em diminuir a geração de lixo, o que deixa de ser um bom negócio quando as empresas que atuam no setor ganham pela tonelada coletada. O lixo doméstico é uma preocupação mundial, ainda que represente 2,5% de toda produção, onde os campeões são as atividades de mineração e agropecuária. A extração de uma tonelada de carvão gera igual quantidade de resíduo, enquanto uma tonelada de cobre está para 400 toneladas de resíduos. O que é orgânico no lixo da agropecuária volta para o ciclo natural.

Historicamente, as pesquisa de Waldman estiveram voltadas para grandes centros e desta vez será numa cidade menor, o que lhe deixa sem parâmetros em relação a estabelecer uma prévia do que realmente poderá encontrar. Explica que o lixo tem sua especificidade local e de uma cidade para outra existem variantes passando pelo perfil social de consumo e de ocupação de espaço. Sobre São Paulo, na condição de metrópole, manifesta indignação diante da disparidade de ser o 13º Produto Interno Bruto (PIB) no ranking mundial de cidades e se posicionar em 3º lugar quanto ao quesito de geração de lixo, perdendo somente para Nova York e Tóquio.

Comenta que a geração tem forte componente cultural, sendo que até quem não pode (economicamente) joga coisas no lixo. Um dos maiores desperdícios está nos alimentos. Dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) apontam o Brasil entre os dez países que mais desperdiçam comida no mundo, sendo que os dados da Organização das Nações Unidades para Alimentação e Agricultura (FAO) dão uma posição real: 3º lugar. “O pobre desperdiça comida por falta de conhecimento, de preparo”, pontua Waldman, que foi secretário do Meio Ambiente de São Bernardo do Campo (90/92), chefe da coleta seletiva de lixo de São Paulo (2000) e atualmente leciona na USP, na condição de professor visitante. É consultor ambiental pedagógico e da Câmara de Comércio Afro-Brasileira.

Notícia disponibilizada pela Assessoria de Imprensa da Unoeste

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