Resveratrol exerce efeito benéfico sobre a função hepática
Substância encontrada em frutos como a uva é utilizada em experimento relacionado ao problema de obesidade



Considerando a obesidade como um dos mais preocupantes problemas, cuja incidência tem aumentado consideravelmente nas últimas duas décadas e que apresenta como consequência uma série de prejuízos metabólicos e sobrecarga ao sistema cardiovascular e fígado, a farmacêutica Nádia de Araújo Miguel desenvolveu pesquisa para analisar os efeitos do resveratrol – substância que aparece em frutos e especialmente na uva – na função hepática. A experiência em ratos de laboratório mostrou efeito benéfico.
Conforme a autora da pesquisa científica, o estudo avaliou os efeitos da suplementação com o resveratrol sobre o perfil lipídico e hepático de ratas Wistar submetidas à dieta hiperlipídica para indução da obesidade. As 65 ratas utilizadas no experimento, com a devida aprovação da Comissão de Ética em Uso de Animais (Ceua), foram distribuídas em quatro grupos: 1- controle, 2- controle obeso, 3- resveratrol e 4- resveratrol obeso. Os dos grupos ímpares foram alimentados com ração comercial Labina e os demais com dieta palatável hiperlipídica durante 12 semanas.
Após as seis primeiras semanas, os animais dos dois primeiros grupos receberam suplementação de placebo, via oral e por gavagem (sonda). Os dos outros grupos receberam 30 mg de resveratrol por quilo de peso/dia diluído e aplicado por via oral, também por gavagem, durante seis semanas. Ao final de 12 semanas foi feita a coleta de sangue e ocorreram as avaliações dos parâmetros peso corporal, do fígado e da gordura retroperitoneal, dos perfis lipídicos e hepáticos séricos e a análise hispatológica do fígado.
Nádia relata que a administração de resveratrol durante seis semanas não induziu a perda de peso corporal e nem os parâmetros do perfil lipídico. Porém, diminuiu as enzimas hepáticas aspartato aminotransferase e fostatase alcalina, produzindo menor ocorrência de esteatose (75%) no grupo resveratrol obeso em comparação com o grupo controle obseso (81,25%). Resultado apresentado durante a banca de defesa pública da dissertação submetida à avaliação no Programa de Mestrado em Ciência Animal da Unoeste, nesta quinta-feira (27).
A conclusão é de que a suplementação do resveratrol pelo período de seis semanas, apesar de não induzir à perda de peso corporal e melhora do perfil lipídico, promoveu efeito benéfico sobre a função hepática por meio da redução da esteatose hepática e das enzimas de aspartato inotransferase e fosfatase alcalina em ratas obesas. São resultados, de acordo com Nádia, que diferem de alguns estudos já publicados, nos quais os experimentos foram feitos em menos tempo e com suplementação em quantidades diferentes.
A pesquisa desenvolvida na Unoeste foi iniciada com a orientação da Dra. Alessandra Melchert e posteriormente assumida por sua colega Silvia Maria Caldeira Franco Andrade. Concursada, Alessandra passou a prestar serviços à Unesp em Botucatu e retornou a Presidente Prudente para integrar a banca examinadora, juntamente com a Dra. Francis Lopes Pacagnelli.
Ao iniciar as arguições, Alessandra elogiou a orientadora e a orientada de quem destacou o domínio do conteúdo, confessou-se emocionada e manifestou seu respeito e carinho pela Unoeste, “instituição da qual eu falo de boca cheia”. Nádia de Araújo Miguel foi aprovada para receber o título de mestre em Ciência Animal, outorgado pela Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-graduação.
Notícia disponibilizada pela Assessoria de Imprensa da Unoeste