Tecnologia avalia os impactos de confinamento sobre moscas
Geoprocessamento é utilizado para mapear população do inseto doméstico que transmite diversas doenças


A produção científica do Programa de Mestrado em Ciência Animal, mantido junto à Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-graduação da Unoeste, é contemplada com um estudo de caráter inédito. Processamento informatizado de dados georreferenciados – geoprocessamento – é utilizado para avaliar impactos de confinamento bovino sobre a população de mosca doméstica. O uso da tecnologia permite o mapeamento para detectar locais de maior concentração do inseto e, a partir daí, estabelecer o combate, com isso evitando riscos de transmissão de doenças.
A pesquisa ganha importância no contexto atual da pecuária brasileira, na qual é crescente a criação em sistema de confinamento por representar vantagens econômicas, entre as quais a redução da idade e do ciclo de abate, aumento das taxas de desfrute, de lotação e de produção de arrobas. De acordo com a Associação Nacional de Confinadores, o confinamento no Brasil deve atingir, neste ano, entre 4,2 e 4,4 milhões de cabeças. Uma estimativa de 10% dos animais abatidos, sendo que esse número já foi bem menor, quando o sistema era utilizado apenas para ganhar dinheiro na seca.
A intenção dos pesquisadores Dr. Rodrigo José Pisani e Dr. Rogerio Giuffrida é descobrir o que pode ser feito no confinamento para reduzir a população de mosca e o risco de transmissão de doenças. A pesquisa pressupõe três etapas. A primeira delas é avaliar a densidade, descobrir os locais de maior concentração da mosca: se ocorre nas proximidades do confinamento, se nas áreas de preservação ambiental ou se no cultivo do milho. A segunda objetiva determinar a concentração de bactérias nas moscas, em relação aos tipos e quantidade.
Por fim, a terceira etapa buscará avaliar o que pode ser feito na propriedade com relação ao manejo de esterco para reduzir a quantidade de moscas e das bactérias que carregam. Os benefícios previstos contemplam o pecuarista em razão da redução na transmissão de doenças e os moradores em torno do confinamento, suscetíveis de contrair enfermidades. O geoprocessamento oferece a vantagem de poder mapear as áreas de risco e essa tecnologia, comprovada a eficácia, poderá ser utilizada por outros produtores.
No momento, os esforços estão concentrados na aquisição de imagens de satélite, que apresentem alta resolução, para confeccionar o mapa que permitirá estabelecer zonas de controle de riscos de zoonoses. Consultas são feitas junto ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), órgão vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Informação; e à Space Imaging Brasil (SIB), empresa especializada no segmento. Com as imagens de alta resolução será permitido mapear a densidade de população de moscas, sendo que as áreas mais densas estão os maiores riscos de várias doenças.
A escolha de confinamento na região de Presidente Prudente foi a opção encontrada para o estudo científico, que no projeto inicial previa mapear a densidade de moscas domésticas no entorno do Parque Estadual do Morro do Diabo, em Teodoro Sampaio (SP). Porém, como a área é muito grande e com alguns trechos inacessíveis, seria praticamente impossível cercá-la com armadilhas para a captura do inseto, visando apurar quais tipos de bactérias carregam.
Iniciados agora, os estudos devem ser finalizados em dois anos, prazo para Pisani concluir a pesquisa na Unoeste, realizada com o aporte do Programa Nacional de Pós-doutorado (PNPD), ofertado pelos ministérios da Educação e de Ciência e Tecnologia. Pisani tem como parceiro o pesquisador Giuffrida, na condição de professor do Mestrado em Ciência Animal e que neste caso atua como tutor. Geógrafo graduado pela Unesp em Prudente, mestre em Agronomia pela Unesp em Botucatu e doutor em Geociências e Meio Ambiente pela Unesp de Rio Claro, Pisani faz o pós-doutorado na Unoeste no biênio 2014/2015.
Giuffrida é graduado médico veterinário pela USP, mestre e doutor em Medicina Veterinária Preventiva pela Unesp em Botucatu, instituição com a qual o atual projeto de pesquisa ora desenvolvido tem parceria, nas pessoas dos pesquisadores Dr. Paulo Milton Barbosa Landim e Dra. Celia Regina Lopes Zimback. “A junção da tecnologia com a pecuária é um casamento muito bom”, comenta Pisani, que procede de Botucatu e fixou residência em Santo Anastácio, por conta de sua esposa Daniela Elisa Giometti Pisani. Seus estudos levam o título de “Avaliação de impactos de confinamentos bovinos instalados na região do Pontal do Paranapanema sobre a população de muscídeos sinantrópicos com técnicas geoestatísticas”.
Notícia disponibilizada pela Assessoria de Imprensa da Unoeste