Taxidermista sugere museu de história natural em Prudente
Renomado especialista se propõe em disponibilizar mais de 300 peças de animais de diferentes ecossistemas



Montar um museu de história natural em Presidente Prudente é uma perspectiva alimentada pelo especialista em taxidermia científica e artística João Aparecido Galdino. O renomado taxidermista, referência latino-americana na arte de reproduzir animais para exibição ou estudo, se propõe em disponibilizar mais de 300 peças de animais dos ecossistemas da Mata Atlântica, Pantanal, Cerrado e Amazônia. A ideia é manifestada em visita ao Acervo Educacional de Ciências Naturais (Aecin), mantido pela Pró-reitoria de Extensão e Ação Comunitária (Proext) da Unoeste, onde mantém entendimentos para ministrar curso de taxidermia.
Presidente do Instituto Harpia de Pesquisa em História Natural, que mantém junto à Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP), no campus de Cornélio Procópio; diretor do Museu de História Natural Professor Mozart de Oliveira Vallim, na mesma cidade; e diretor da Sociedade dos Zoológicos e Aquários do Brasil, atualmente com sede em Pomerode (SC); Galdino acumula experiência de 56 anos em taxidermia, iniciada em sua juventude no Museu da História Natural do Bosque dos Jequitibás, quando cursava odontologia na PUC de Campinas. Praticando a odontologia veterinária estreitou relações com profissionais que atuam em zoológicos e parques ecológicos do Brasil.
“Nunca cobrei um centavo, de ninguém”, orgulha-se Galdino. Como gentileza gera gentileza, as amizades, alimentadas pelo respeito profissional, renderam doações de animais mortos, de várias espécies. A estimativa do dentista e também biólogo é que tenha taxidermizado mais de 6 mil animais, a maioria mantido em museus, utilizada para educação ambiental. Outros estão disponíveis como objetos de estudos científicos, a exemplo do que ocorre na universidade pública paranaense, onde por cerca de 30 anos Galdino ocupou a cadeira de biologia, período em que se envolveu em intercâmbios na África, Austrália, Cuba, Venezuela e Equador.
A relação com a Unoeste nasceu de recente visita que Galdino recebeu de comitiva do Aecin, formada pelo Dr. Antônio Fluminhan Júnior e Graziella Plaça Orosco de Souza – que respectivamente também respondem pela assessoria de relações interinstitucionais e coordenadoria de ações culturais, esportivas e sociais da Proext – juntamente com o estagiário Douglas Pacheco, do curso de Ciências Biológicas. O interesse de aproximação surgiu pelo professor Silvério Takao Hosomi, ao apresentar aos responsáveis pelo Aecin um folder sobre o curso de taxidermia ofertado por Galdino.
Ao retribuir a visita, o taxidermista foi recepcionado por aqueles que os visitaram e também pelos professores Hosomi e Luiz Waldemar de Oliveira, incluindo ainda o estagiário Izaac Coelho, todos das ciências biológicas. O curso a ser ministrado em Prudente deverá estar inserido no convênio de cooperação técnica, entre o Instituto Harpia e a Proext, para capacitação de técnicos e estudantes da Unoeste. Outra possibilidade é a de exposição itinerante, com peças de Galdino, na universidade e em locais de grande fluxo de pessoas, a exemplos dos shoppings. A instalação do museu de história natural dependerá de entendimentos do taxidermista com a Unoeste ou com o poder público municipal.
Galdino vê na taxidermia uma grande aliada da educação ambiental e conta que, em tempos de novas tecnologias, alguns materiais vão sendo agregados para trabalhar com as peles de animais, mas considera a habilidade como o mais importante na aplicação da técnica. “Taxidermia não é embalsamar. Isso é para defunto. Trabalho só com a pele de animais que tenham pelo, pena ou escama. Utilizo há mais de 50 anos o mesmo princípio básico da técnica, porém aprimorada com alguns materiais. A droga que uso é extremamente cara: arsênico, o veneno mais forte do mundo. O quilo custa R$ 5,6 mil. Ele fixa na pele curtida e nada se atreve a estragar o animal taxidermizado”.
Notícia disponibilizada pela Assessoria de Imprensa da Unoeste