Estudo poderá auxiliar ações de saúde pública sobre sífilis
Distribuição espacial da doença na gestação e congênita é avaliada em 32 municípios da região do Pontal



Classificada como Doença Sexualmente Transmissível (DST), a sífilis apresenta crescentes índices de prevalência no país e as políticas públicas têm estimulado os setores de saúde a informar os casos para o Sistema Nacional de Agravos e Notificação (Sinan). A bióloga e estudante de Biomedicina Joyce Marinho de Souza desenvolveu estudo científico para avaliar a distribuição espacial da doença nos 32 municípios do Pontal Paranapanema. Os resultados encontrados poderão auxiliar em ações de saúde pública com a finalidade de melhorar a qualidade de vida da população superior a meio milhão de habitantes.
Outros aspectos relevantes, ao identificar as regiões endêmicas e fatores relacionados, estão ligados à economia de gastos com o tratamento e a promoção de indicadores de desenvolvimento regional. Com a orientação do Dr. Marcos Vinicius Pimenta Rodrigues e coorientação da Dra. Glilciane Morceli, a autora da pesquisa delimitou de 2007 a 2013 o tempo em relação à coleta de dados sobre os casos de sífilis gestacional e sífilis congênita e as características dos indivíduos notificados junto ao Sinan, para compor a primeira etapa do estudo.
Na segunda etapa foram feitas análises estatísticas para comparação entre as taxas de incidência da doença na gestação ou desenvolvida no filho, antes mesmo dele nascer. A terceira etapa consistiu na produção de mapas temáticos, com a utilização de software de Sistema de Informação Geográfica. Na quarta etapa ocorreu a identificação de focos endêmicos de ambas as modalidades da sífilis, sendo 80 casos da gestacional e 61 congênitos. Os gestacionais foram estatisticamente menores quando comparados aos dados do Estado de São Paulo, enquanto os congênitos apresentaram maior incidência somente em 2007.
Maior número de casos ocorre durante a primavera e o verão, que são períodos mais quentes. Isso sugere a existência de uma sazonalidade. Também, de acordo com a bióloga, a produção de mapas temáticos possibilitou a identificação de municípios nos quais ocorre a subnotificação para casos da sífilis gestacional, ou seja: a notificação não formalizada; portanto, capaz de gerar índices abaixo da realidade. Situação preocupante para a realidade brasileira e que sugere estudos com gestantes e recém-nascidos acometidos pela doença, até por conta dos altos índices de subnotificação.
Ao fazer a defesa pública de sua dissertação, na tarde dessa quinta-feira (18), Joyce disse na conclusão que a problemática na região do Pontal reflete a precariedade dos serviços de assistência à saúde da gestante durante o pré-natal que, apesar de abrangente, ainda apresenta falhas diante desta infecção. “A partir da busca ativa das gestantes poderia ser possível a diminuição de casos não diagnosticados ou não notificados, e, consequentemente, não ou tardiamente tratados, a fim de se obter o controle de casos de sífilis congênita no Brasil”, disse.
Também destacou que o aumento de notificações durante determinados períodos do ano podem nortear as medidas de controle e prevenção a fim de se obter a diminuição e eliminação e casos de sífilis congênita. “Embora existam diretrizes dos órgãos governamentais para a eliminação da sífilis congênita, os dados da infecção devem ser melhores notificados e mais amplamente estudados, para evitar maiores complicações e impactos significativos em índices de desenvolvimento regional”, disse a autora do estudo.
O trabalho científico desenvolvido junto ao Mestrado em Meio Ambiente e Desenvolvimento Regional foi avaliado pelos doutores Luiz Euribel Prestes Carneiro e Keila Zaniboni Siqueira Batista, convidada junto a Universidade Regional de Blumenau (Furb), em Santa Catarina. Joyce agora irá receber o título de mestre em Meio Ambiente e Desenvolvimento Regional, outorgado pela Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-graduação (PRPPG).
Notícia disponibilizada pela Assessoria de Imprensa da Unoeste