Exigências de mercado de trabalho vão além do diploma
Mesa-redonda aborda “Pesquisa x Academia x Indústria x Formação Profissional”

O cenário mudou. Hoje, as exigências para o mercado de trabalho vão além do diploma superior. Sair da zona de conforto e tomar coragem para empreender também pode ser o caminho para a satisfação profissional; e o pesquisador pode ultrapassar o ambiente acadêmico com os seus conhecimentos. Esses aspectos foram discutidos na mesa-redonda “Pesquisa x Academia x Indústria x Formação Profissional”, realizada na noite dessa quarta-feira (23), no Auditório Azaleia, campus II da Unoeste. A atividade integra o 24º Encontro Nacional de Ensino, Pesquisa e Extensão (Enepe).
Três profissionais, de diferentes segmentos, estiveram reunidos para compartilhar suas experiências: os doutores Nailton Monteiro do Nascimento Júnior, professor da Unesp/Araraquara, com formação em química, além de mestrado e doutorado em ciências; Eduardo Paulino Castan, empreendedor, com formação em zootecnia, mestrado e doutorado em melhoramento animal; e Jorge Lepikson Neto, pesquisador do ramo industrial, do Instituto Senai de Inovação Biomassa, com formação em biologia, mestrado e doutorado em biologia funcional e molecular. A mesa-redonda foi mediada pelo Dr. Gustavo Maia Souza, professor da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL).
Quando o assunto é formação profissional, o Dr. Nailton ressalta que é importante ampliar a visão, pois não é mais possível pensar de forma mecânica como se tivesse que cumprir requisitos, como: “Preciso me formar com uma nota alta; preciso dominar ferramentas tecnológicas; preciso aprender outro idioma... Sabemos que esses itens não são garantia de sucesso e de empregabilidade. Precisamos analisar inclusive as empresas que contratam pessoas que não têm formação superior, mas são altamente gabaritadas. Então, o que esses profissionais têm que os torna tão valorizados?”, reflete.
Conforme o docente, dados do Fórum Econômico Mundial de Empresas de 2020 apontam novas competências esperadas dos profissionais, como, por exemplo, inteligência emocional, capacidade de resolver problemas complexos, entre outras. “O que trago é exatamente uma visão holística de tudo que precisa na formação, que é o ensino; pesquisa, o que não significa se tornar um futuro Einstein, mas é preciso aprender o método científico, ter censo crítico e desenvolver conhecimento novo; e a própria parte da extensão, que deve ser valorizada principalmente pensando no network profissional, onde você conhece a forma como diferentes pessoas trabalham. A ideia é que os alunos tenham a consciência de que eles são responsáveis e gestores da própria carreira, como se a carreira fosse uma empresa/startup, em que eles precisam agregar todas essas informações e fazer planejamento”, salienta.

Eduardo falou da sua experiência profissional e também pessoal, destacando as dificuldades internas que enfrentou até tomar coragem para seguir naquilo que realmente lhe fazia feliz. Abordou sobre a mudança comportamental de mentalidade e conhecimento que precisou ter para sair da academia e ir para o ramo corporativo. Depois compartilhou sobre o processo infeliz de sua vida, que foi justamente com esse momento de transição. “Eu estava infeliz e não sabia o que era. Quando obtive essa consciência, após sete anos, precisei tomar coragem e mudar minha vida radicalmente”, relata o zootecnista que hoje atua na empresa Self.
O pesquisador industrial Jorge Lepikson Neto contribuiu com a abordagem de que o profissional com titulação acadêmica também pode seguir outros caminhos, além da academia. “Desenvolvo projetos de inovação em processo e produto com empresas, então é por demanda das empresas na área de biomassa. Existem outros caminhos para esse profissional com titulação. As empresas estão aprendendo a valorizar os pesquisadores, e a relação entre as organizações e universidade também está mudando. O trabalho de inovação é fundamental para que o país se desenvolva a longo prazo”, frisa.
Notícia disponibilizada pela Assessoria de Imprensa da Unoeste