Pós em Agronomia abre relação com gigante da biotecnologia
Parceria com a Plant Defender leva à Kimitec que tem o maior centro de pesquisas da Europa neste segmento

O Programa de Pós-graduação Stricto Sensu em Agronomia obtém mais uma grande conquista ao abrir nova oportunidade de intercâmbio internacional para estudantes e professores. Desta vez com o MAAVi – Innovation Center, o maior centro de pesquisas de biopesticidas, probióticos e bioestimulantes da Europa; da empresa referência mundial em biotecnologia para agricultura: a Kimitec. O que foi possível através de parceria com a Plant Defender e da atuação em pesquisas do coordenador do programa Dr. Fábio Rafael Echer que esteve na Espanha para conhecer o que há de altamente revolucionário em tecnologia, aproveitamento de espaço e comprometimento ambiental.
A empresa instalada em Almería, na região sul do país, possui quatro linhas de produção, que são com biomoléculas, microbiologia, microalgas e extrato de plantas. Dentre os seus 300 funcionários, 57 atuam no desenvolvimento de pesquisas, sendo 13 doutores, outros 34 profissionais com formação em nível superior e 10 técnicos. A Kimitec deu novo impulso em pesquisas ao implantar o MAAVi em 2019, um investimento de 20 milhões de euros, conforme conta o Dr. Fábio. A região onde está localizada é conhecida como a horta da Europa, com 35 mil hectares de estufas para produção orgânica, ao tamanho médio de 1 hectare por unidade.
Alto índice de produtividade
A localização favorece o escoamento da produção industrial pelo Porto de Almería, no mar Mediterrâneo, 200 km do norte da África. O que também impressiona, juntamente com o aproveitamento de espaço, é o arranjo que foi feito para poder produzir. O solo pedregoso foi coberto por areia e substrato. Além do que, o cultivo protegido aumenta a eficiência de uso da água na região na qual o índice pluviométrico anual é de 200 milímetros. Os principais produtos são tomate, pimentão, pepino, melancia e melão. Os níveis de produtividade são altíssimos e o Dr. Fábio conta que tomate chega a 120 toneladas por hectare; o dobro da média brasileira.
Conforme o pesquisador vinculado à Unoeste, há dez anos ocorreu a mudança do cultivo convencional para o sistema produtivo orgânico, para atender à exigência do consumidor. “Começaram a usar variedades mais resistentes às pragas e doenças; sendo que se tinham 20 lá atrás, hoje são mais de 500. Entra também o controle biológico com produtos à base de microrganismos e extratos de plantas e de algas, tanto para o controle de pragas e doenças quanto para bioestimulação”, diz e explica como funciona o desenvolvimento dos produtos da Kimitec em suas etapas durante o processo, desde a pesquisa até serem disponibilizados no mercado.
Aprendizagem de máquina
Primeiro é identificado o problema, para na sequência estudarem as rotas metabólicas e descobrirem se as substâncias utilizadas têm algum efeito ao estresse biótico e abiótico. A partir daí é desenvolvida a pesquisa básica, com o teste do produto em determinada cultura. Para efeito de comparação, o experimento utiliza como controle o produto químico mais eficiente do mercado. Se o orgânico apresentar menor eficiência que o químico, o produto nem é lançado. Porém, dentre os produtos que derem resultados, pelo critério de viabilidade econômica é escolhido o mais barato e mais eficiente; liberando os demais às empresas que queiram licenciá-los.
O último passo antes de colocar no mercado é o registro nos órgãos de licença e a certificação para uso na agricultura orgânica. O Dr. Fábio comenta que são cerca de 50 projetos de pesquisas em andamento. Como parte da ampla infraestrutura, o centro de inovação possui um complexo de estufas com câmaras de crescimento Fitotron e todo um aparato tecnológico para avaliação dos índices de vegetação e crescimento; cujas análises são impossíveis a olho nu. Os dados do que está sendo produzido no MAAVi e de dissertações e teses pelo mundo afora estão abastecendo o Linna, um computador gigante. É um trabalho de aprendizagem de máquina.
Para encurtar caminho
O Linna está sendo ensinado para no futuro tomar decisões, indicando qual produto pode atender uma demanda específica. “Isso permitirá encurtar o caminho de busca de solução”, pontua o Dr. Fábio que enxerga nessa nova relação internacional uma extraordinária possibilidade de validação de produtos a partir de pesquisas na Unoeste, envolvendo professores e estudantes da pós-graduação e da graduação inseridos em iniciação científica. Também vê a possibilidade de recursos para custeios de projetos, via Fundação Oeste Paulista de Inovação (Fopi); além de bolsas de estudos e ampliação da infraestrutura de pesquisa da universidade.
Nesse contexto, as relações se tornam próximas e se fortalecem em pelo menos três aspectos. O fato do brasileiro Gilson Guardiero atuar na gestão no MAAVi. O fato do diretor da Plant Defender Tecnologia Agrícola, representante da Kimitec no Brasil, João Carlos Vieira ser contemporâneo do pró-reitor acadêmico da Unoeste e pesquisador vinculado ao programa de agronomia Dr. José Eduardo Creste, na Faculdade de Ciências Agronômicas da Unesp em Botucatu. O fato do Dr. Fábio atuar junto a um grupo de pesquisadores e produtores de algodão do Mato Grosso, do qual fez parte na viagem à Espanha, promovida pela Plant Defender.
Agricultura brasileira
Através do acordo de cooperação técnica, a empresa brasileira possui convênio com a Unoeste, junto ao Programa de Pós-graduação Srticto Sensu em Agronomia que oferta mestrado e doutorado. São três alunos bolsistas envolvidos em pesquisa de avaliação do efeito de bioestimulantes sobre o algodoeiro em condições de baixa luminosidade: Bruno Picoli, Gustavo Silva e Matheus Beraldo. Para João Carlos, a inserção do Dr. Fábio e da Unoeste nessa relação com a Kimitec e o MAAVi representa um grande ganho, pelo novo conhecimento científico, pela troca de conhecimentos e pela tecnologia inovadora pouco aflorada no Brasil e que poderá ajudar a agricultura brasileira.
O entendimento de João Carlos é o de que a parceria Plant Defender, Kimitec e Unoeste na busca e divulgação desse conhecimento facilita os próximos passos da agricultura; seja de algodão, soja ou milho. “Tecnologia inovadora onde se busca a diminuição racional do uso de defensivos agrícolas, fazendo com que os produtos tenham uma quantidade de resíduo muito menor. Acho que a presença do pesquisador [Dr. Fábio] dentro do projeto, como profundo conhecedor da agricultura de forma geral, agrega demais dentro do conhecimento para que a gente venha a modelar os próximos passos da Plant Defender aqui no Brasil junto com a Unoeste e a Kimitec”, pontua.
Validação do conhecimento
A empresa brasileira com sede em Limeira (SP), nessa ação internacional, busca na Unoeste o amparo para a validação do conhecimento científico e da tecnologia presente em quase 100% da região de Almería para as necessidades da agricultura brasileira. João Carlos afirma ser este o ponto principal, para que a Plant Defender possa comercializar com mais precisão os produtos da Kimitec no Brasil, em condição de orientar melhor o produtor, dando a ele a real dimensão da qualidade e eficiência reconhecida na Espanha e em outros países; seguindo o padrão de comprometimento da empresa espanhola em dar ao mercado sempre o melhor.
O Dr. Fábio viajou para a Espanha no dia 21 de maio e retornou no dia 27 com um grupo de 14 produtores do Mato Grosso. Lá se encontraram com outro grupo brasileiro, do Mato Grosso do Sul, que estava encerrando a visita. No dia 23 estiveram na fábrica e no dia seguinte no laboratório onde são desenvolvidas as pesquisas. No hotel, o Dr. Fábio fez palestra sobre o impacto dos estresses abióticos na fisiologia do algodoeiro. Para ele, essa foi mais uma experiência em sua trajetória internacional, na qual constam experimentos nos Estados Unidos, atividade na Argentina e pesquisa colaborativa na Austrália. Condições que contribuem com a internacionalização do programa de mestrado e doutorado.
Notícia disponibilizada pela Assessoria de Imprensa da Unoeste