Anemia Falciforme: palestra envolve a Medicina e Biomedicina
Durante a atividade foi anunciada a idealização de um projeto para instalação de ambulatórios de assistência e de pesquisa dentro da Unoeste, para atender pacientes com a doença

Cerca de 140 alunos, entre acadêmicos da Faculdade de Medicina e do curso de Biomedicina do campus de Presidente Prudente, além das coordenações médicas e graduandos de Jaú e Guarujá participaram na tarde dessa quinta-feira (24), por videoconferência, de uma palestra sobre Anemia Falciforme proferida pela médica hematologista Dra. Maria Stella Figueiredo, da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (EPM/Unifesp). Professora de Hematologia e Hemoterapia da Unifesp, ela é considerada uma das principais referências no estado de São Paulo quando o assunto é a doença que tem mais prevalência na população negra. Na ocasião, foi anunciado também um projeto de instalação de ambulatórios de assistência e de pesquisa dentro da Unoeste, visando atender exclusivamente pacientes diagnosticados com anemia falciforme na região. Essa idealização é uma das metas da universidade.
A convite da coordenadora do Núcleo de Avaliação de Tecnologias em Saúde (Nats) da Faculdade de Medicina da Unoeste, professora Dra. Édima de Souza Mattos, a palestrante convidada abordou o tema "Anemia Falciforme: Aspectos Moleculares e Fisiopatológicos". A atividade resulta de parceria entre as duas instituições – Unoeste e Unifesp – no Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Em Prudente, além dos alunos, parte do corpo docente da Medicina e da Biomedicina também participou do momento que a palestrante abordou especificidades técnicas da doença genética e hereditária causada por uma mutação genética que provoca a deformação dos glóbulos vermelhos.
Na abertura, a professora Dra. Édima apresentou o currículo da palestrante aos alunos e destacou suas contribuições e experiências na área de Hematologia, com ênfase em anemias. Em doença falciforme, a Dra. Maria Stella também atua com temas de relevância na área, como talassemia, anemia carenciais, hemoglobinúria paroxística noturna e metabolismo de ferro. “A principal importância de discutir a Anemia Falciforme é que ela é uma doença que está praticamente presente dentro da população negra. A Dra. Maria Stella inclusive é do Ministério da Saúde e está aqui dando essa contribuição. Esse assunto de hoje é matéria, conteúdo da disciplina de Hematologia dos professores José Antônio Bressa e Rebeca Bressa na Faculdade de Medicina. Daí a importância dos alunos estarem participando. É uma curricularização e posteriormente será assunto de avaliação”, falou.
O professor de Hematologia, José Antônio Bressa, explicou a importância desse tipo de atividade proposto pela professora Dra. Édima e enalteceu a parceria entre a Unoeste e Unifesp que tem levado aprendizado aos acadêmicos para além da sala de aula. “É muito importante esse contato dos alunos com uma pessoa que tem expertise no assunto. Ela é uma hematologista especializada em Anemia Falciforme e que trabalha com isso há muitos anos. Então tanto traz novas linhas de pesquisa e informações recentes da Anemia Falciforme, quanto faz essa conexão da nossa escola com outra escola. Quanto mais as universidades conseguirem trocar experiências e informações, melhor para a formação de todo mundo”, considerou.
O assunto em debate na palestra, ainda segundo o professor, será retomado posteriormente em sala de aula com os alunos da Medicina. “Nós vamos apresentar novamente esse assunto no próximo semestre e aí a gente vai cobrá-lo na prova. Mas importante dizer que não é nem a prova o mais importante. O importante mesmo é aprender e fixar o conteúdo já que a Anemia Falciforme é a doença genética mais comum do Brasil. O médico generalista tem que saber atender esse paciente, dar uma assistência adequada a ele que certamente vai procurar o posto de saúde, um pronto-socorro e nem sempre haverá hematologista disponível”, analisou.
Conhecimento que se multiplica
O estudante do 1º termo da Faculdade de Medicina, Natan Rosa Rodrigues da Silva, participava atento da palestra. Sobre o assunto, ele já tem uma pesquisa de Avaliação de Tecnologias em Saúde (ATS) em andamento. O tema que desenvolve juntamente com as colegas de sala Maria Eduarda Bertoni Trombeta e Ana Lídia Borges é o uso da eritropoietina no tratamento da Anemia Falciforme. “Na verdade a gente está iniciando a pesquisa nesse começo de semestre, e a importância desse tema é para a gente ver as novas tecnologias no tratamento da doença e também fazer uma contextualização. E essa professora [Dra. Maria Stella Figueiredo] é a principal referência que temos hoje do tratamento de Anemia Falciforme aqui no estado de São Paulo. Então é de suma importância a gente participar de um evento como este que a Unoeste está proporcionando”, disse ele.
A colega de sala e de pesquisa, Maria Eduarda, compartilhou praticamente da mesma opinião. “Essa nossa participação aqui vai ser de extrema importância para a nossa iniciação científica, já que o tema no qual ela é especialista vai de encontro com o que nossa pesquisa propõe”. A estudante ainda falou de onde surgiu o interesse em se dedicar à pesquisa de forma tão precoce. “A gente se conheceu desde o primeiro dia da faculdade e desde então falávamos em fazer uma iniciação científica não só pelo currículo que vai ser muito importante lá na frente, mas porque a gente quer aprender. Eu sempre fui muito interessada em doenças genéticas, assim como o Natan tem interesse nessa parte de hematologia. Então juntamos essa afinidade que temos com pesquisa já nesse momento que, teoricamente, é onde mais teremos tempo e ânimo pra começar uma iniciação. E eu penso que tivemos muita sorte em começar nesse momento, já que a idealização de um ambulatório para ajudar pessoas com anemia falciforme deve tão logo se concretizar. Então está sendo maravilhoso essa possibilidade de um aprofundamento maior com os pacientes, porque a gente não vai ficar só na teoria, vamos ver prática também”, completou.
Conquista para a região
Durante a palestra, Dra. Édima revelou que a Unoeste está buscando firmar convênio com órgãos governamentais para a instalação de ambulatórios de assistência e de pesquisa dentro da universidade, voltados para pacientes diagnosticados com Anemia Falciforme. “Esse convênio é para que nós tenhamos aqui dentro da Unoeste dois ambulatórios, um de assistência multiprofissional de anemia falciforme e um ambulatório de pesquisas, os dois trabalhando concomitantemente”, destacou.
Na prática, quando instalados os ambulatórios, ganharão todos, segundo ela. “Para a Unoeste será uma grande conquista, mas a conquista maior é principalmente para as pessoas diagnosticadas com a doença de anemia falciforme. Só aqui na região temos mais de 200, daí a importância. Quem ganha, também, serão os alunos que terão a oportunidade de vivenciarem a prática já que o laboratório é multiprofissional. Isso vai trazer sobrevida, evitar mortalidade, vai dar qualidade de vida para essas pessoas que se não tratadas não vivem até os 47 anos”, ressaltou.
Notícia disponibilizada pela Assessoria de Imprensa da Unoeste