Estudo oferece contribuição à saúde de comunidades indígenas
Populações estão sob intensa exposição de vermes que podem causar sérios danos, especialmente ao fígado e aos pulmões

Com abordagem em Saúde Pública, estudo – de caráter interinstitucional e internacional – investigou e encontrou informações relevantes sobre Toxocara canis (verme) em comunidades indígenas brasileiras. Os índices são altos e chegam em 95,5%.
Os resultados destacam intensa exposição das populações participantes da pesquisa ao verme causador da toxocaríase, com a transmissão sustentada por uma combinação de fatores que incluem infraestrutura e as realidades econômicas e culturais.
Os dados obtidos enfatizam a importância de intervenções integradas nos territórios dos índios para promoção de educação e de saúde animal e humana; nos estados de São Paulo e Paraná; e na tríplice fronteira Brasil-Paraguai-Argentina.
O estudo em fisiopatologia animal ocorreu na Unoeste, no Programa de Pós-graduação em Ciência Animal, pela médica veterinária Isabella Braghin Ferreira que desenvolve pesquisa desde a graduação e foi direto para o doutorado, sem precisar fazer mestrado.
Parte do estudo no exterior
Fez o doutorado com bolsa da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), órgão do Ministério da Educação (MEC). Parte da pesquisa foi trabalhada na Universidade Purdue, na cidade West Lafayette, no estado norte-americano de Indiana.
A orientanda do professor pesquisador vinculado à Unoeste, Dr. Vamilton Alvares Santarém, obteve a bolsa de intercâmbio internacional pelo Programa de Doutorado Sanduíche no Exterior (PDSE), da Capes.
O estudo levou em consideração a toxicaríase como doença parisitária negligenciada que pode afetar desproporcionalmente populações em situações de vulnerabilidade social, principalmente em regiões tropicais e subtropicais.
Considerou também que as populações indígenas são susceptíveis à infecção por Toxocara canis spp devido as condições inadequadas de infraestrutura, acessos e cuidados de saúde; e assistência veterinária; limitados.
Abordagem multiprofissional
Diante deste cenário, o estudo teve o objetivo de investigar o panorama de toxocaríase nas comunidades indígenas das três localidades, sob a perspectiva de Saúde Única – abordagem integrada e multiprofissional.
Como parte da metodologia, amostras de sangue foram coletadas de indígenas para pesquisas de anticorpos anti-Toxocara spp, junto a aplicação de questionário sociodemográfico para identificação de fatores de riscos associados à soropositividade.
Ainda pela metodologia, amostras de fezes, pelos de cães e de solos foram coletadas para pesquisa de ovos de Toxocara canis spp. Os resultados sorológicos indicaram altas prevalências nos indígenas.
Dados sobre resultados
A soropositividade em 342 e 463 índios foi de 73,9% nas comunidades de São Paulo e do Paraná. Na comunidade da tríplice fronteira Brasil-Paraguai-Argentina foi de 95,3%, em 246 de 258 índios.
Ovos de Toxocara canis spp foram encontrados em 9 de 194 amostras de fezes de cães: índice de 4,6%. Isso nos estados. Na tríplice fronteira: 8 de 124, representando 6,5%. Nas amostras de pelos foram 4 de 204, ou seja: 2%.
Com relação à contaminação do solo, foi configurada por meio de caracterização molecular dos ovos recuperados de amostras positivas, sendo que nos estados foram encontrados em 36 de 90 amostras (40%) e na tríplice fronteira 30 de 74 (40,5%).
Notícia disponibilizada pela Assessoria de Imprensa da Unoeste