Parceria estimula deficientes visuais
Desde 2003, Faculdade de Psicologia desenvolve projeto junto à Associação de Proteção aos Cegos

A presença de personagens portadores de deficiência visual na novela América, da Rede Globo, trouxe o tema ao debate público com bastante força. Em Presidente Prudente, a principal entidade de apoio às pessoas com deficiência visual é a Associação de |Proteção aos Cegos, que desde 2003, conta com a parceria da Faculdade de Psicologia da Unoeste.
O projeto de extensão “Deficiente Visual: mais sensível que um olhar” tem como objetivos proporcionar diversas atividades que estimulem os demais órgãos do sentido e trabalhar desenvolvendo temas relevantes e atuais para debate. De um modo geral, busca-se conscientizar os deficientes para o exercício da cidadania.
Bom para a entidade, o projeto é também de grande valor para os universitários, pois oferece aos alunos do curso de Psicologia a oportunidade de atuar na Associação, aproximando-os da realidade social da profissão e de situações concretas que ajudam sua formação para o mercado de trabalho.
As estagiárias Alessandra dos Santos Oliveira, Denise Mancini, Maria Luciene da Silva e Martinha Lopes Moreno trabalham no projeto sob supervisão da professora Laura de Carvalho. “É um trabalho maravilhoso e gratificante, pois visa de fato à inclusão dos deficientes visuais”, diz Alessandra.
“Atualmente a questão da inclusão dos deficientes visuais, encontra-se em destaque. Mas, será que o deficiente visual está conseguindo ser respeitado e integrado em nossa sociedade?” – questiona Alessandra.
Tipos de deficiência
A deficiência visual inclui dois grupos: cegueira e baixa visão. Assim, é considerado cego aquele que apresenta desde a ausência total de visão até a perda da percepção luminosa.
O portador de baixa visão apresenta desde a capacidade de perceber luminosidade até o grau em que a deficiência interfira ou limite o seu desempenho. A cegueira e a baixa visão podem afetar a pessoa em qualquer idade.
Bebês podem nascer sem visão e outras pessoas podem tornar-se deficientes visuais em qualquer fase da vida.
A perda de visão pode ocorrer repentinamente causada por um acidente ou doença súbita, ou tão gradativamente que a pessoa atingida demore a tomar consciência do que está acontecendo.
Contudo, com tratamento precoce, atendimento educacional adequado, programas e serviços especializados, a perda da visão não significará o fim da vida independente e não ameaçará a vida plena e produtiva.
“Os deficientes visuais possuem o direito de ir e vir, bem como a capacidade para estudar, trabalhar, namorar, enfim podem adquirir autonomia e conviver plenamente com sua limitação”, destaca Alessandra.
O Preconceito
A deficiência visual interfere em capacidades e habilidades, e afeta não somente a vida do portador, mas também de membros da família e amigos. O preconceito gerado pela falta de conhecimento sobre o assunto é o grande responsável pela marginalização e exclusão em que ainda vivem deficientes visuais.
Infelizmente, muitas vezes, o preconceito é sentido e gerado pela própria família, rodeada por tabus. “Buscar informações sobre os diversos tipos de deficiências e tratá-las de acordo com suas particularidades, contribui bastante”, destaca Alessandra.
Pesquisas apontam que, no Brasil existem 24,45 milhões de portadores de necessidades especiais e uma das melhores legislações do mundo para atendê-las. Mas, a prática pouco avança para dar condições de cidadania a essa parcela da população.
“As leis brasileiras – caso fossem cumpridas – atenderiam todas as necessidades dos deficientes e estes viveriam adaptados socialmente. Mas o que se observa é a realidade dos deficientes visuais muito aquém dos direitos postulados pelas leis vigentes”, afirma Alessandra.
Ela acredita que a melhor forma de combater a exclusão é através da conscientização e educação da sociedade em geral: “Devemos nos conscientizar que o portador de deficiência possui direitos e responsabilidades sociais, como as demais pessoas. É preciso conceder-lhes as mesmas oportunidades de participação social, segundo suas capacidades de desempenho, sem discriminações.”
A entidade
A Associação Filantrópica de Proteção aos Cegos fundada em 1939 por Faradei Boscoli, mantém a Escola de Educação Especial, com o objetivo de preparar o deficiente visual a tornar-se cidadão independente, útil à sociedade e conscientes de suas condições de cidadania. A instituição se mantém através de recursos federal, estadual e de doações da comunidade.
Atualmente a instituição atende 80 deficientes visuais de 6 meses a 75 anos. São oferecidas diversas atividades dentre elas, música, dança, informática, braile, estimulação visual, serviço social, educação física e artística.
O atendimento psicológico é realizado pela psicóloga Denise Gregory Trentin, visando promover a auto-estima e aceitação da deficiência. A Associação conta com o trabalho de profissionais como psicólogos, professores, assistentes sociais, entre outros, pois ao processo de inclusão é relevante a atuação de uma equipe multidisciplinar.
Notícia disponibilizada pela Assessoria de Imprensa da Unoeste