Professor apresenta pesquisa sobre tuberculose em Cuba
Décio Gomes de Oliveira representou a Unoeste no 14º Congresso Científico Internacional em Havana

O professor, pesquisador e gerente de ações extensivas de saúde da Unoeste, Décio Gomes de Oliveira, apresentou uma pesquisa sobre tuberculose no 14º Congresso Científico Internacional (CNIC 2005), que aconteceu entre 27 de junho e 2 julho, em Havana, capital de Cuba. O trabalho, intitulado “Atividade Antimicobateriana de Plantas Usadas pelos Índios da Comunidade Vanuíre no Brasil”, foi argüido por especialistas como Gerhard Kroyer, da Áustria, Giancarlo Cravotto, da Itália, e Umesh Dimri, da Índia, que enfatizaram o valor científico e social do trabalho realizado na universidade. A pesquisa também foi elogiada pelo embaixador do Brasil em Cuba, Tilden Santiago.
De acordo com Oliveira, o trabalho vem ao encontro da necessidade de se buscar alternativas terapêuticas para a cura da tuberculose, frente ao surgimento de cepas resistentes aos medicamentos do Programa de Controle da Tuberculose preconizado pelo Ministério da Saúde brasileiro. Segundo o pesquisador, a tuberculose no Brasil é um sério problema de saúde pública e registra em torno de 124 mil novos casos a cada ano. “A relação entre fatores socioeconômicos e o risco de desenvolvimento da tuberculose é bastante conhecida”, afirma.
Segundo Oliveira, a doença é favorecida pela precariedade das condições de vida, tendo sua morbidade e mortalidade agravadas pela grave crise econômica e social de algumas regiões do país. “Com o advento da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, a Aids, e o aparecimento de cepas da tuberculose multi-resistentes aos medicamentos do esquema terapêutico do governo, o problema se agravou, tornando-se um grande desafio a ser vencido. Aí está a necessidade de se buscar novas frentes de tratamentos para a tuberculose, implementando novas pesquisas e elaborando novas formulações farmacêuticas.”
Índios e novos medicamentos – Para o pesquisador da Unoeste, as comunidades indígenas no Brasil seriam detentoras dos conhecimentos em relação às plantas nativas do país com possíveis ações medicinais, sendo grandes colaboradores em seu trabalho. “Discutir a questão indígena brasileira se faz necessária pela miséria de seus membros e o desrespeito a sua etnia e cultura por parte da sociedade”, diz Oliveira. “Os povos indígenas no Brasil há muito fazem parte do tão falado mapa da fome e conseqüentemente estão expostos as mais diversas intempéries quanto à promoção de doenças em seu meio. Convivem em pequenos grupos, são marcados pela privação de terras e pelas freqüentes mudanças ecológicas e culturais que não se traduzem em melhoria e adaptação aos hábitos culturais da sociedade nacional.”
De acordo com o professor, a deterioração da qualidade de vida resultante do contato com o homem branco trouxe conseqüências quase sempre drásticas, caracterizadas por epidemias e fome, “situação que ocorre desde o início da colonização até os dias atuais, apesar de variar, em maior ou menor grau, de acordo com as características culturais de cada grupo e as variáveis ecológicas, políticas e econômicas que os rodeiam”.
“Neste cenário contraditório, no qual a pobreza social contrasta com a riqueza ambiental, a população indígena é o elo, pois são os principais conhecedores das virtudes terapêuticas das plantas medicinais. O trabalho que desenvolvi subsidia, através de estudos etnobotânicos, a pesquisa do agente causador da tuberculose e faz com que o índio seja trazido de volta a sua cultura, resgatando seus conhecimentos e promovendo sua inclusão pela valorização”, diz o pesquisador. “Haja vista que os conhecimentos indígenas em relação às plantas a muito se confundem com os dos mateiros, parteiras e curandeiros que também os detêm”.
Segundo Oliveira, os conhecimentos indígenas em relação às plantas medicinais instrumentalizam os estudos etnobotânicos, pois através desses obtêm-se os extratos e esses por meio de técnicas microbiológicas do Microplate Alamar Blue Assay, nas quais são avaliadas as atividades antimicobacterianas. “O objetivo é encontrar a menor concentração de medicamento necessária para inibir o desenvolvimento de bactérias”, explica o pesquisador.
Saiba mais sobre Décio Gomes de Oliveira
Além de professor, pesquisador e gerente de ações extensivas na área de saúde da Proext (Pró-reitoria de Extensão e Ação Comunitária da Unoeste), Décio Gomes de Oliveira é membro da Comissão Assessora de Ensino Farmacêutico do CRF-SP (Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo) e facilitador do Pólo de Educação Permanente em Saúde para o SUS (Sistema Único de Saúde) no oeste paulista. Formado em Ciências Biológicas e Farmácia e Bioquímica, Oliveira é também especialista em Controle de Vetores (insetos causadores de doenças), mestre em Fisiologia do Exercício e doutorando em Microbiologia pela Unesp (Universidade Estadual Paulista) de Araraquara. Oliveira já foi professor convidado de cursos de especialização da Unesp de Presidente Prudente e atualmente leciona em cursos deste nível no campus da universidade em Assis. É também membro de colegiados de pós-graduação da Unesp de Araraquara. No ano passado, recebeu duas menções honrosas do CRF-SP por relevantes trabalhos realizados na área de educação farmacêutica no país, prêmios referentes ao biênio 2002-2003.
Notícia disponibilizada pela Assessoria de Imprensa da Unoeste