Cresce no país o confinamento como estratégia na entressafra
Há 30 anos eram apenas 200 mil bois confinados e atualmente são 3 milhões, um crescimento de 1,4 mil por cento



Em tempos atuais, cada vez mais fica para trás a pecuária tradicional. Antes, o produtor tinha foco na especulação de preços. Agora, valoriza mais o desempenho e a eficiência na produção. Como parte de ações para atender a nova necessidade, o confinamento se apresenta como uma ferramenta estratégica. Sua vantagem está em proporcionar redução no custo de produção, uniformidade na terminação dos animais e liberação de espaço nas pastagens durante a entressafra, no período da seca. Benefício que estimula o avanço da prática no Brasil, como mostra o crescimento de 1,4 mil por cento de gado confinado nos últimos anos, saltando de 200 mil para 3 milhões de cabeças.
A Unoeste recebe neste final de semana, o consultor agropecuário Ricardo Burgi que é referência sobre confinamento e produção de carne na entressafra. Formado pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP), o engenheiro agrônomo ministra aulas na especialização lato sensu de Produção Intensiva e Bovinocultura de Corte, atendendo conteúdo da disciplina Projetos e Instalações de Confinamento. Na abertura da aula, na tarde desta sexta-feira (23), apresentou vários quadros estatísticos. Entre eles o de que o Brasil abate atualmente 45 milhões de cabeças por ano, sendo que desse montante 7% é de gado criado em confinamento, com a produção de carne voltada para a entressafra.
Em 1983, o abate anual era é de 19,6 milhões, incluindo 200 mil bois confinados. Naquela ocasião, 70% do abate ocorria entre janeiro e julho. Em 2011, o abate anual subiu para 42,8 milhões, sendo 3 milhões de bois confinados. Agora, com alguns diferenciais. Um deles é o abate bem distribuído durante o ano todo. Outro é a inversão de valor, com o preço da arroba do boi magro chegando a superar o boi gordo. A variação de preço entre um e outro superava a 32% e com o passar dos anos está em apenas 3,7%. “No final do confinamento, no período da seca, é baixo o diferencial de preços e custo de bois magro e gordo”, disse Burgi.
Para o renomado profissional, o sucesso do confinamento depende de boa conversão alimentar – relação entre o consumo de ração e aumento de peso – e de baixo ganho de custo, uma vez que reduziu o diferencial de preços da safra e da entressafra, e pode reduzir mais, inserido num projeto de ciclo completo. O avanço tecnológico dos maquinários de mistura e distribuição de rações, aliado às técnicas de gestão e controle, tem apresentado grande desenvolvimento. Elevar o peso de uma vaca de 11 ou 12 para 14 arrobas pode custar R$ 100 e mesmo com o preço de arroba a R$ 97 vale a pena, do ponto de vista estratégico, conforme Burgi.
Ao justificar sua constatação, pontuou que vaca magra não tem mercado na entressafra. Sua presença no pasto ocupa espaço de três bezerros e ainda prejudica a nutrição de outras vacas prenhes. Então, garantir engorda para abate por meio de confinamento é vantajoso, mesmo com baixa margem de lucro na relação custo-benefício. Outro fator considerável é que a eficiência de confinamento da fêmea é inferior a do macho. Por esse viés, Burgi conduziu sua aula e tratou do assunto em profundidade, enriquecendo a especialização coordenada pela Dra. Ana Cláudia Ambiel e mantida junto à Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-graduação. Burgi foi recepcionado pelo coordenador da graduação em Agronomia, Dr. Carlos Sérgio Tiritan.
Notícia disponibilizada pela Assessoria de Imprensa da Unoeste