Iniciação científica de qualidade é destaque em simpósio
Quase 80 trabalhos de iniciação científica são aprovados por pareceristas da Faclepp/Unoeste; vários com resultados de pesquisa



A palestra “A formação do leitor na perspectiva das múltiplas formas de linguagem da sociedade contemporânea”, ministrada pelo professor doutor Edmir Perrotti, da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP, encerrou as atividades da XIV Jornada de Educação, na última sexta-feira (10). O XIV Simpósio de Iniciação Científica (SIC), realizado no sábado (11), contou com a apresentação de 75 trabalhos orais e painéis, e ainda com um minicurso extra, intitulado “Mergulho científico: atuação e desafios para o biólogo”.
A Faculdade de Ciências, Letras e Educação (Faclepp) da Unoeste, organizadora dos eventos, recebeu 929 inscrições, números que segundo a organização, indicam a qualidade das atividades acadêmicas e a adesão de egressos e outros cursos da universidade, como Psicologia, Engenharias Ambiental e Civil, Medicina, Biomedicina e Fisioterapia. Alunos da pós-graduação dos cursos de especialização em Gestão Escolar e em Desenvolvimento Multiplataformas (Java e. NET), dos mestrados em Agronomia e de Meio Ambiente e Desenvolvimento Regional, além do curso de Aperfeiçoamento em Libras, também participaram. Se inscreveram acadêmicos da Unesp de Prudente e de outras faculdades da cidade, além de professores da Rede Municipal de Ensino de Prudente, Tarabai e Assis.
O evento contou com grande número de docentes convidados para conduzirem as palestras e os minicursos, de empresas e instituições como ECA/USP, Unicamp, USP/São Carlos, USO/Ribeirão Preto, Unesp/Botucatu, Unesp/Presidente Prudente, Unesp/Assis, Universidade Federal de Uberlândia, FAI/Adamantina, UEM/Maringá, Instituto de Criminalística de São Carlos, Instituto Adolpho Lutz, Associação Lúmen et Fides, Diretoria de Ensino de Prudente, Secretaria Municipal de Educação de Prudente, Secretaria Municipal de Cultura de Prudente, Escola de Idiomas CNA, Colégio JP, Colégio Adélia Dionízia Barbosa, Organização Betesda, Alfa Consulte e Prolub.
Palestra de encerramento – Edmir Perrotti realiza pesquisas com ênfase nos temas infoeducação, dispositivos informacionais, saberes informacionais, redes culturais, metodologia colaborativa, leitura, literaturas infantil e juvenil. É também conselheiro do Ministério da Educação (MEC) para a política de formação de leitores e autor de livros infantis.
Dentro do tema proposto para o evento, o experiente docente ressalta a pluralidade do leitor, já que não existe mais um tipo de sujeito. Aquele que se isolava para ler um livro. A questão central hoje é que a leitura e escrita estão muito próximas. “Esse leitor é alguém que, muitas vezes, está recebendo e ao mesmo tempo está emitindo, ou seja, está lendo e escrevendo simultaneamente. Esse é um dado essencial que muda toda a relação nossa com a escrita”, disse Perrotti.
Conforme Perrotti, existe um imediatismo ao utilizar a escrita para comunicações rápidas e instantâneas, mas também há outros usos da comunicação escrita como a Literatura. Nesse sentido é preciso trabalhar com a pluralidade e a diversidade, com a preparação de leitores plurais e não apenas que saibam receber mensagens de SMS. “É fundamental preparar esses leitores para compreender e se relacionar com textos mais longos e intrincados”.
Para isso, explica o pesquisador, o próprio professor tem que ser esse leitor polivalente, que se relaciona com essas diversas formas de escritas, de mídias, com os diferentes modos de atuar com a linguagem. “O ponto essencial é aquele professor encantado, que oferece as possibilidades da escrita e é capaz de interagir. Qualquer ação educativa repousa no acolhimento do outro. Faz a diferença o professor que sabe acolher a criança nos seus interesses, nas suas dificuldades e nas suas possibilidades”, finaliza Perrotti.
Minicurso extra – Em “Mergulho científico: atuação e desafios para o biólogo”, o professor e pesquisador da Unicamp e da ONG Ecopere-se, Jodir Pereira da Silva, relatou seus estudos sobre a biodiversidade de Ilha Bela, maior ilha da costa brasileira, localizada no litoral norte de São Paulo. Silva falou das linhas de pesquisa que atua e passou as noções básicas para quem deseja atuar nessa área.
Apresentação de trabalhos e painéis – Nessa edição, quase 80 trabalhos foram aceitos no SIC e cerca de 20% desse número são de alunos da Unesp e de instituições de outros estados, informa a professora doutora Renata Medici Frayne Cuba, integrante da comissão científica.
De acordo com Renata, o nível dos trabalhos foram excelentes e muitos deles com resultados, o que dá uma dimensão muito maior aos projetos de iniciação científica. “Devido à criteriosa seleção e avaliação dos pareceristas, muitos trabalhos são reprovados, sendo aceitos apenas àqueles que seguem as metodologias científicas. Isso tem dado muita credibilidade e visibilidade ao evento, atraindo cada vez mais, acadêmicos de outras instituições”, ressalta a pesquisadora.
Denner Dias Barros, acadêmico do 2o ano de Matemática da Unesp é um deles. O acadêmico participou dos minicursos de “Introdução aos estudos Logaritmos” e “O aprendizado da Libras para uma sociedade inclusiva”, que segundo ele foi importante, pois está relacionado a sua linha de pesquisa. Barros e seu grupo de pesquisa apresentou dois painéis, um sobre “Tecnologia Digital de Informação e Comunicação” e outro sobre “Observatório da Educação da Capes”.
Para o universitário, existe uma grande troca de experiências em eventos como esse. “Alguém sempre tem alguma informação para acrescentar na sua pesquisa. Nas palestras e minicursos, os professores contribuem muito com conceitos e teorias, tudo isso enriquece meu projeto de iniciação científica”, declara Barros.
Apesar do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) de Robert Lucas Galvão da Fonseca, estar inscrito no gênero de comunicação oral, ele foi adaptado, para que o acadêmico de Pedagogia da Faclepp/Unoeste, que é surdo congênito desde criança, utilize a Língua Brasileira de Sinais (Libras) para se comunicar.
Com a ajuda da intérprete e tradutora, Perlla Cristina Roel de Oliveira, que acompanha o acadêmico desde o início de sua graduação, Fonseca apresentou seu projeto intitulado “A importância do Bilinguismo para o processo de alfabetização da criança surda: os desafios do trabalho pedagógico”.
Com base nas imagens inseridas em sua apresentação, Fonseca contextualizou todas as dificuldades dos surdos desde a antiguidade aos dias atuais. Ele que será o primeiro surdo graduado em Pedagogia na região, quer trabalhar com crianças com surdez.
Em seu trabalho, Fonseca destacou três etapas importantes para vencer os desafios do processo de alfabetização. O primeiro deles, é a necessidade de incluir novas salas de Atendimento Educacional Especializado (AEE), passo importante antes da alfabetização e que vai facilitar a inclusão dos alunos surdos. A formação inicial e continuada dos docentes, além da presença efetiva da família nesse processo, são os outros pontos propostos pelo acadêmico.
“Após concluir minha graduação, quero fazer mestrado, e me capacitar sempre para ser um professor cada vez melhor, ético e oferecer a mesma oportunidade aos meus futuros alunos de chegar até a universidade”, encerrou o acadêmico.
Notícia disponibilizada pela Assessoria de Imprensa da Unoeste