Indisciplina no ensino superior inclui o uso de celulares
Constatação é feita em pesquisa sobre comportamento inadequado de aluno e o desgaste mental do professor



A saúde do professor está entre os aspectos fundamentais para a qualidade do ensino. Nesse sentido é que a pedagoga e psicóloga Delza Pereira de Souza Macêdo desenvolveu uma pesquisa relacionando indisciplina com o desgaste mental do professor na educação superior. O desinteresse e apatia pelas aulas estão entre os fatores indisciplinares, manifestados em comportamentos como o uso inadequado de aparelhos tecnológicos, predominantemente celulares e notebooks, e pelas conversas paralelas.
Em consequência de tais comportamentos, o aluno não consegue organizar a tarefa e não cumpre o que foi estipulado pelo docente. Inclusive, existem casos de troca de mensagens entre os alunos, na própria sala de aula, criticando condutas do professor. Falta de motivação e de comprometimento contribuem para o sofrimento psíquico do professor. Embora se manifeste de forma diferente nos ensinos médio e fundamental, no superior há indisciplina, às vezes incluindo o enfrentamento.
Para a autora da pesquisa, o processo ensinar e aprender precisa de afeto do professor e também de reciprocidade do aluno. “Porém, fato é que o desgaste constante leva à exaustação emocional”, disse ao fazer a defesa pública de sua dissertação nesta quinta-feira (26), junto ao Programa de Mestrado em Educação da Unoeste. No mesmo estudo, buscou-se identificar como o professor define a indisciplina e o desgaste mental no exercício profissional.
A metodologia esteve voltada à investigação de natureza qualitativa, na modalidade pesquisa de campo. Na coleta de dados foi empregada a observação participante em salas de aulas e feitas entrevistas semiestruturadas com dez professores dos 1º e 4º termos do curso de licenciatura em Pedagogia, numa instituição particular do interior paulista. Para os entrevistados, os sofrimentos psíquicos no trabalho estão relacionados a fatores que a pesquisadora elencou em quatro categorias.
As categorias foram as seguintes: sobrecarga de trabalho, expectativas de resultados, não identificação do professor com a função docente e falta de motivação do aluno. Ao se referirem à indisciplina, os professores recorreram a alguns termos, como moral, respeito, motivação, autonomia e indiferença. Na literatura para discussão do assunto, verificou-se escassez em relação ao ensino universitário, sendo que a maioria dos estudos concentrou-se no ensino médio e uma parte no fundamental.
A pesquisa de campo e a produção da dissertação por Delza contaram a orientação da doutora Camélia Santina Murgo Mansão e coorientação do doutor Adriano Rodrigues Ruiz, com a avaliação pelos doutores Adriana Aparecida de Lima Terçariol e Francisco Hashimoto, convidado da Universidade Estadual Paulista (Unesp), campus de Assis (SP). Delza foi aprovada para receber o título de mestre em educação, outorgado pela Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-graduação da Unoeste.
Notícia disponibilizada pela Assessoria de Imprensa da Unoeste