Suplementação com aminoácido atenua efeito de quimioterapia
Estudo reafirma que L-arginina ameniza efeito mutagênico causado por medicação para tratar do câncer

Pesquisa desenvolvida na Unoeste obtém resultado que, inclusive, oferece subsídios para novas investigações científicas voltadas em atenuar efeitos colaterais de tratamentos oncológicos por quimioterapia. O estudo buscou responder algo que ainda não tinha sido esclarecido: se a ação do aminoácido L-arginina, utilizado como suplementação alimentar, preserva a sobrevivência das células, já que alguns medicamentos quimioterápicos danificam esse material genético ao atingi-lo de forma generalizada e não somente no qual está abrigado o tumor canceroso.
O experimento científico feito pela biomédica Eloisa Ortega Nazário de Araújo constatou que a suplementação promoveu redução em cerca de 50% dos danos provocados pela quimioterapia nos cromossomos que são os responsáveis por carregar toda a informação que as células necessitam para seu crescimento, desenvolvimento e reprodução. Daí surgiu o questionamento se a ação do aminoácido em células cancerosas pode ou não alterar o crescimento do tumor e a eficácia do tratamento, ou seja: se eliminaria o efeito da quimioterapia.
Para o pesquisador com atuação na linha de agressão tecidual celular, imunidade e nutrição, Luís Souza Lima de Souza Reis, a dúvida surgida remete à importância dessa produção científica que abre possibilidade de novos estudos, especialmente em relação à doença cujos dados apresentados no trabalho da biomédica são alarmantes: 20 milhões de pessoas são acometidas por câncer no mundo e no Brasil são 600 novos casos por ano. O tratamento do câncer se insere em procedimentos de alta complexidade e isso gera alto impacto socioeconômico.

Conduzido no Biotério e Laboratório de Citogenômica e Bioinformática da Unoeste, o experimento ocorreu com 70 ratos Wistar divididos em grupos com diferentes tratamentos por ração comercial e água à vontade, sendo um deles com 2% e outro 4% de suplementação de L-arginina após a quimioterapia com 5-Fluorouracil, medicação para tratamento de câncer, de uso médico desde o começo dos anos 60. Ambos apresentaram redução da mutagenicidade que o medicamento causa em células sadias do organismo.
Diminuição que, possivelmente, resulta em menos efeitos colaterais e maior sobrevida de pacientes, conforme a autora da pesquisa classificada por Reis como muito significativa, embora ainda não se saiba sobre o efeito desejável para o ser humano. Pela qualidade do estudo e a importância clínica, o resultado alcançado e do questionamento surgido, ocorre o interesse em publicação internacional, com o encaminhamento de artigo científico para submissão de pareceristas da revista Nutrition and Cancer.
No estudo realizado junto ao Programa de Pós-graduação Stricto Sensu em Ciência Animal, que oferece mestrado e doutorado, a biomédica defendeu sua dissertação na tarde desta terça-feira (23), orientada por Reis e avaliada pelos médicos veterinários Hermann Bremer Neto e Osimar de Carvalho Sanches, respectivamente chefe do Departamento de Ciências Funcionais da Unoeste e responsável técnico pelo Laboratório de Patologia Animal (Lapa) da Universidade de Santo Amaro (Unisa), onde atua e tem a oncologia como um de seus temas de pesquisas.
Egressa do curso de Biomedicina da Unoeste na turma de 2014, Eloisa desenvolveu o estudo no mestrado com o aporte financeiro de taxa ofertada pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), órgão do Ministério da Educação. Foi aprovada para receber o título de mestre em Ciência Animal. Titulação importante para sua carreira profissional, atuando como professora da Escola Técnica (Etec) Professor Milton Gazzetti e da Escola Cooperativa de Presidente Venceslau.
Notícia disponibilizada pela Assessoria de Imprensa da Unoeste