Banco de Sangue: Doações diminuem durante o inverno
Tempo frio afasta voluntários; pacientes que aguardam cirurgia são os que mais sofrem com escassez

Nos meses de inverno, os estoques nos hemocentros e bancos de sangue sofrem redução e a situação pode se tornar crítica. A causa, segundo as hematologistas e coordenadoras do Banco de Sangue do HU (Hospital Universitário Dr. Domingos Leonardo Cerávolo), Cláudia Nalin e Paula Carrilho, é que no frio as doações diminuem muito. “Acordar cedo e ficar em jejum acaba sendo difícil nessa época do ano. Também a pressão, que costuma subir com as baixas temperaturas, faz com que os que sofrem de hipertensão sintam mais dificuldade em doar”, explicam as médicas.
Em caso de escassez, os primeiros a serem atingidos são os pacientes que aguardam por cirurgias. Como julho é mês de férias escolares, o aumento no número carros nas estradas eleva o índice de acidentes, o que aumenta a demanda por sangue nos hospitais.
Nesse período, a equipe do Banco de Sangue do HU contatou apenas uma pequena redução no fluxo de doadores, que só não foi sentida com mais intensidade devido ao sistema que o hospital adotou de convocar 20 voluntários para cada cirurgia cardíaca realizada. Os convocados são, em geral, familiares e amigos de pacientes que se submetem à operação.
“Com esse planejamento estamos conseguindo manter o estoque no nível que precisamos, com cerca de 500 bolsas de sangue. Esse número pode variar de um mês para outro, mas em geral, mantém-se nessa margem”, explica uma enfermeira do Banco de Sangue.
Mitos e tabus – A doação afina ou engrossa o sangue? É verdade que doar sangue ajuda a emagrecer? E quanto a engordar? Se doar sangue uma vez, a pessoa precisa doar sempre? Há riscos de o doador se infectar com o material utilizado na coleta?
Quando o assunto é a doação de sangue, questões como essas surgem e povoam o imaginário popular, transformando-se em obstáculos para um possível doador.
“Infelizmente ainda há muitos mitos e tabus quando o tema é a doação de sangue. Muitos acham que doar engorda ou emagrece, que afina o sangue, que causa sangramentos, mas, nada disso é verdade. É bom esclarecer também que quem doa uma vez não precisa doar sempre, o ato é voluntário e não obrigatório”, esclarecem as hematologistas.
Antes de cada doação, o candidato passa por uma avaliação clínica, que inclui a medição do peso, aferição da pressão arterial e teste de anemia. “São realizadas sorologias, que são testes para garantir a qualidade e segurança das bolsas de sangue coletadas. A coleta dura em média 15 minutos e, ao final, o doador é orientado a ingerir bastante líquido e evitar exercícios físicos”, explica Paula Carrilho.
Conscientização – A hematologista, que já realizou trabalhos de conscientização e esclarecimento sobre a doação de sangue nas igrejas de Presidente Prudente e no Corpo de Bombeiros, destaca que a doação não traz nenhum prejuízo à saúde do indivíduo. Ao contrário, a grandeza do gesto gratifica os doadores.
Segundo a médica, a intenção do HU é atrair doadores que estabeleçam um certo vínculo com o Banco de Sangue, para que se tornem regulares em suas doações. “Precisamos de doadores de repetição, que sejam assíduos e que colaborem conosco com uma certa freqüência, afinal, essa é uma necessidade que nunca acaba”, alerta.
A médica explica que é preciso respeitar o intervalo obrigatório entre uma doação e outra, que é de três meses para homens e quatro meses para mulheres.
Para ser um doador é preciso:
- Ter entre 18 e 65 anos;
- Ter, no mínimo, 50 kg;
- Não estar resfriado ou com febre;
- Não ser gestante ou estar amamentando;
- Estar descansado e em jejum, por pelo menos quatro horas (são permitidos alimentos leves, como frutas, bolachas de água e sal, chás e sucos);
- Evitar o cigarro duas horas antes e depois da doação.
* É importante salientar que pessoas que tiveram hepatite há 10 anos podem doar.
HU realiza campanhas para atrair doadores
Entre as muitas campanhas em prol da saúde da população que o Hospital Universitário Dr. Domingos Leonardo Cerávolo realiza – são pelo menos cinco grandes ações anuais – destaca-se a Semana de Solidariedade do HU. O objetivo é garantir estoques para o Banco de Sangue do hospital, especialmente para que não falte sangue nos períodos em que o número de doadores diminui. Com os estoques regulados, evita-se prejuízos para os pacientes que se submetem às cirurgias.
De acordo com as hematologistas Paula Carrilho e Cláudia Nalin, são necessárias cerca de 550 doações mensais para que o Banco de Sangue funcione com uma margem de segurança capaz de atender à demanda do hospital.
“São realizadas de três a quatro cirurgias cardíacas no HU por semana, sendo que cada uma delas consome de 4 a 10 bolsas de sangue, sem falar das cirurgias eletivas que são imprevisíveis”, diz Cláudia.
Em todas as campanhas, o hospital oferece aos voluntários um lanche especial composto por bolachas, pães, bolos, leite, sucos e chás, preparado pelo Serviço de Nutrição e Dietética do HU.
Calendário – Em feriados prolongados, datas festivas e fins de semana há um aumento no número de acidentes com veículos nas estradas e nas vias públicas, aumentando também a necessidade de bolsas de sangue para a realização de cirurgias.
Por isso, as hematologistas do Banco de Sangue do HU elaboraram um calendário com as principais datas em que a coleta se torna mais necessária. “Antes de cada feriado prolongado faremos uma campanha, para aumentar a coleta nesse período. Dessa forma, manteremos um estoque capaz de atender à demanda”, dizem as hematologistas.
Durante as férias escolares, além do aumento no número de acidentes, os Banco de Sangue enfrentam também o problema de que muitos doadores viajam e deixam de contribuir nessas épocas do ano.
Vale lembrar que, independentemente dos períodos de campanhas, o Banco de Sangue do HU solicita a presença de voluntários doadores.
Notícia disponibilizada pela Assessoria de Imprensa da Unoeste