Otorrinolaringologia: HU possui ambulatório especializado
Uso excessivo da voz, álcool e cigarro trazem riscos; câncer de laringe pode estar entre os problemas

O Hospital Universitário Dr. Domingos Leonardo Cerávolo, da Unoeste, possui um ambulatório de otorrinolaringologia para atendimento a pacientes com distúrbios da voz. Embora problemas na laringe e nas cordas vocais sejam mais freqüentes em pessoas cujo trabalho exige bastante o uso da voz, é preciso estar atentos, pois o consumo de cigarro e bebidas alcoólicas oferece riscos.
Entre as doenças manifestas está o câncer de laringe, e vale a pena lembrar que o Brasil ocupa o segundo lugar no ranking mundial de países com maior índice desse tipo de câncer.
Cerca de 30% dos professores brasileiros estão afastados do trabalho em razão de problemas no aparelho vocal, incluindo o câncer de laringe, laringites e lesões permanentes nas pregas vocais. O esforço vocal contínuo traz riscos à saúde dos profissionais que fazem da voz um instrumento de trabalho, como é também o caso de locutores, jornalistas, operadores de telemarketing, cantores, leiloeiros, entre outros.
Além do desgaste emocional para o paciente, as doenças relacionadas à voz acarretam um alto custo para o país, lembra o otorrinolaringologista do HU, Gabriel Cardoso Ramalho Neto. “Muitos professores da rede pública de ensino já foram afastados das salas de aula por causa de distúrbios da voz.
A maioria dos tratamentos é custeada pelo governo, por meio do SUS (Sistema Único de Saúde)”, comenta.
Câncer de laringe - Apesar da gravidade do câncer de laringe, o diagnóstico precoce pode curá-lo em 90% dos casos, sem deixar seqüelas para o paciente. O grande obstáculo está na falta de conscientização da população, que ainda tem dificuldades em detectar sinais da doença. Segundo Ramalho, a falta de informações sobre a voz leva a população a não consultar regularmente um otorrinolaringologista. A maioria também desconhece os sintomas.
“Esses fatores dificultam o diagnóstico precoce e podem prejudicar o tratamento desse tumor, que, se descoberto precocemente, pode ser totalmente curado, sem nenhuma mutilação à garganta do paciente”, alerta.
A incidência de câncer de laringe, explica Ramalho, é agravada em conseqüência dos fumantes e dos alcoolistas. Álcool e cigarro juntos potencializam as chances de o tumor aparecer na região da laringe, por isso é preciso evitar esses agentes. Gritar demais também pode desencadear o problema, assim como alguns distúrbios digestivos. “O refluxo gástrico, por exemplo, causa inchaço na entrada do esôfago e nas cordas vocais, resultando em voz alterada, secreção espessa e pigarro”, explica Ramalho.
De acordo com o médico, as cirurgias são caras, de alta complexidade, necessitando, em alguns casos, de radioterapia e quimioterapia. “Mas se o diagnóstico for rápido, o sucesso da operação será garantido. Por isso, é importante ficar atento aos sinais que aparecem. Negligenciá-los pode resultar em conseqüências irreversíveis para o futuro”, alerta Ramalho.
Prevenção - Entre as medidas preventivas indispensáveis para manter a saúde da voz e afastar as chances de o câncer de laringe aparecer está dar uma pausa de cinco minutos a cada hora, para a garganta descansar. Especialistas recomendam, ainda, manter a garganta bem hidratada tomando-se de dois a três litros de água por dia. Esse cuidado torna-se ainda mais relevante quando a pessoa manifesta pigarro.
“Também é importante não falar fora do seu próprio tom, não sussurrar e ter uma alimentação leve durante a noite. Por ser um músculo cartilaginoso que fica a maior parte do tempo estirado, as cordas vocais precisam ser exercitadas sempre. Cantar em um coral, com a supervisão de cantor profissional, pode ajudar muito”, recomenda o médico.
Para os que têm refluxo gástrico, o tratamento deve ser feito em conjunto com um gastroenterologista que, através de técnicas clínicas ou cirúrgicas, vai estimular a produção de saliva suficiente para neutralizar a ação do ácido estomacal e evitar o ardor na garganta.
Notícia disponibilizada pela Assessoria de Imprensa da Unoeste