Extensão constrói histórias de vida de idosos

Uma tarde festiva. Assim foi o sábado (24) no Lar São Raphael, o abrigo de idosos que em 2013 completará 50 anos. Cerca de 150 estudantes da Unoeste estiveram na entidade, acompanhados por professores. Em atendimento às tarefas do projeto de extensão Texto e Cidadania conversaram com os 58 internos, tocaram instrumentos musicais, cantaram e dançaram. Também doaram mais de 200 litros de óleo comestível. Uma equipe da Fundação Agripino Lima (FAL) promoveu corte de cabelo.

Para os internos, ganho na autoestima. Para os jovens, lições de vida. Para a diretoria da instituição, uma grande contribuição. Para os professores a oportunidade de unir teoria e prática, além de promover a formação cidadã. Esta foi a 13ª vez que projeto que ocorreu no lar, na Vila Roberto, na divisa com a Vila São Jorge, onde fica o Fórum de Presidente Prudente.

“Começamos em 2004, com a Faculdade de Informática (Fipp). Logo em seguida ganhamos a participação da Faculdade de Comunicação (Facopp). Agora, junta-se a nós a Faculdade de Ciências, Letras e Educação (Faclepp)”, contou o coordenador da Fipp, Haroldo Alessi. O projeto é conduzido pela professora doutora Édima de Souza Mattos que levou ao asilo seus alunos de primeiro termo dos cursos de Sistemas de Informação e de Comunicação Social.

Os alunos ingressantes do curso de Letras foram acompanhados pela coordenadora Luciane Cachefo Ribeiro e a professora Sonia Molina. A recepção ocorreu na capela do lar, pela secretária da entidade, a madre colombiana Helena Gonzalez. Num compreensível ´portunhol`, deu as boas vindas, agradeceu a contribuição e elogiou a ação da Pró-reitoria da Extensão e Ação Comunitária (Proext), da Unoeste.

A madre explicou que para atender os internos existem 24 funcionários, 15 voluntários em serviços gerais e três médicos. “Quem consegue faz alguma atividade laboral, a exemplo das mulheres que bordam. A pessoa mais idosa que está aqui com a gente tem 102 anos”, explicou. Os alunos andaram por todas as partes externas e internas do lar e nas conversas extraíram informações para as tarefas escolares.

No texto argumentado, caberá ao aluno/redator oferecer ao leitor a visão de como é o idoso em local de acolhimento. No texto descritivo, apoiado no tema ‘como vejo o que vejo’, o aluno apresentará a realidade social de um asilo. É o que explicou a professora Édima e contou que surgem trabalhos muitos interessantes.

O estudante de Comunicação Social e procedente de Presidente Venceslau, Luiz Fernando Ária, disse que se surpreendeu. “Foi muito interessante. Conhecemos pessoas com histórias interessantes”, revelou. “Nessas visitas os alunos começam a valorizar mais a família e também o que ele tem e o que é”, afirmou Alessi.

“Existem histórias tristes. Tem aluno que chora. Alguns internos falam das saudades dos filhos e às vezes nem conhecem os netos. São relatos que sensibilizam. Assim, os alunos repensam suas vidas e passam a valorizar mais a unidade familiar. Eles enxergam que são muito felizes. Os alunos também ficam impressionados com o cuidado e o carinho com que os internos são tratados”, comentou Alessi.

O interno Manoel Carlos da Silva, que por muitos anos perambulou pela cidade onde era chamado pelo apelido de Pente Fino, esbanjou alegria. Aplaudiu com entusiasmo a apresentação de dança dos alunos de Comunicação Social, Jéssica Furlan e Felipe Ferreira. Ao violão e voz Renato Janini e ao violino Thayane de Paula tocaram, cantaram a alegraram os idosos. Alguns acompanharam a cantoria com a chamada música raiz.

A instrutora da FAL, Cecília Mesquita Fernandes conduziu a equipe de seis alunos do curso de cabeleireiro no atendimento aos internos. Silvana Maria Silveira, mãe da aluna Dominiky Silveira, elogiou a iniciativa e considerou como “bom exercício para o coração”. Sua visão é de que nem tudo é tão fácil e tão simples. “Não é um click de computador que resolve tudo, como o jovem está acostumado. Atividades como essa servem para despertar o lado humano que anda meio adormecido”, considerou.

Os alunos de Comunicação Social, Raphael Marquezi e Iury Greghi, colheram vários depoimentos dos envolvidos no projeto e agora produzem um documentário para a WRF, a rádio web da Facopp. Fernanda Midori e Lincoln Lima elaboram notícia para a TV Facopp. Outras etapas do projeto, como uma exposição fotográfica Cidadania Faz a Diferença, serão realizadas até outubro deste ano. A agenda encontra-se em aberto e cada etapa será programada e anunciada com antecipação.

Odontologia – Na última semana, 40 alunos do 7º e 8º termos participaram de ação no Lar São Raphael através da disciplina Odonto Geriatria. De acordo com a professora responsável, Eliane Cristina Gava Pizi, “o objetivo foi conhecer outra realidade, diferente daquela encontrada na clínica escola”. Na ocasião, foram doadas pelos estudantes fraldas geriátricas.