Plantas aquáticas retiram nutrientes de efluente de esgoto
Experimento com três espécies revela maior eficácia da Pistia stratiotes, mais conhecida como alface d’água



Após o tratamento, o efluente lançado em lagoa apresenta componentes químicos em quantidades toleráveis pela legislação vigente. Para extrair os nutrientes que restam, um experimento científico empregou o processo de fitorremediação; a tecnologia que usa plantas para minimizar poluentes do meio ambiente. A pesquisa da arquiteta e sanitarista ambiental Marcela do Carmo Vieira utilizou três espécies de plantas aquáticas. Todas se apresentaram com possibilidades de serem aliadas no polimento de efluente de Estação de Tratamento de Esgoto (ETE). Porém, a maior eficácia foi da Pistia stratiotes, popularmente conhecida como alface d’água.
No estudo da ação das espécies, as outras duas foram a Eichhornia crassipes e Salvinia auriculata, respectivamente aguapé e orelha de onça. O experimento para remoção dos elementos químicos nitrogênio, fósforo, enxofre, potássio e sódio foi desenvolvido de maio a junho de 2013, no efluente da estação no bairro rural Montalvão, em Presidente Prudente, que é lançado no Córrego da Anta. A coleta das plantas ocorreu no Rio Santo Anastácio, procedendo-se uma seleção voltada à padronização quanto à uniformidade do sistema radicular e outros quesitos de observação visual, como a parte aérea.
A pesquisa se deu em quatro tratamentos com cinco repetições, sendo quatro os pontos de coleta semanais e avaliação de 20 parcelas experimentais. As coletas ocorreram em três ciclos mensais, objetivando as análises físico-química e química do efluente, feitas no Laboratório de Tecidos e Resíduos da Unoeste, para determinação da condutividade elétrica e as concentrações dos nutrientes. Ao final de cada ciclo, após 28 dias da instalação do experimento, as plantas foram coletadas e encaminhadas ao mesmo laboratório para a determinação dos teores disponíveis dos nutrientes.
Com a constatação sobre a remoção de elementos químicos pelas plantas estudadas, houve diferenças para cada espécie, entre os períodos de coleta e ciclos de avaliação. “As plantas aquáticas estudadas, principalmente a Pistia stratiotes, podem ser aliadas no polimento de efluente de esgoto de ETE tratado”, pontou Marcela, que se viu instigada em desenvolver a pesquisa devido ao grande volume de esgoto produzido nas cidades em geral, superior à capacidade de depuração pela natureza. Quanto mais refinado o tratamento, menor o impacto no meio ambiente. O processo de fitorremediação é indicado por ser econômico e tecnicamente mais eficiente.
A condução de experimento teve a orientação do Dr. Carlos Henrique dos Santos, que integra o corpo docente do Programa de Pós-graduação Stricto Sensu em Agronomia da Unoeste, com a oferta de mestrado e doutorado, mantido junto à Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-graduação. A defesa pública da dissertação “Potencial de remoção de nutrientes e efluente doméstico por plantas aquáticas flutuantes” ocorreu nesta sexta-feira (28), com a banca examinadora composta pelos doutores Carlos Sérgio Tiritan e Claudinei Paulo de Lima, convidado junto às Faculdades Integradas de Ourinhos. Marcela do Carmo Vieira foi aprovada para receber o título de mestre em Agronomia.
Notícia disponibilizada pela Assessoria de Imprensa da Unoeste