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Criação de abelhas sem ferrão pode ser rentável para região

Meliponicultura oferece vários nichos de mercado e ganha espaço dentro e fora do país; encontro na Unoeste incentiva a prática


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Foto: Gabriela Oliveira Criação de abelhas sem ferrão pode ser rentável para região
“É preciso estimular os criadores a se profissionalizarem dos pontos de vista ambiental, social e econômico”, diz Dr. Cristiano Menezes

“A meliponicultura consiste na criação de abelhas sem ferrão e explodiu no Brasil e em vários lugares do mundo. Apesar de ser tradicional e antiga em nosso país, ela ainda é muito local. Recentemente, fui à Malásia e conheci uma cooperativa com 4 mil criadores associados, cada um com 200 ou 300 colmeias produzindo mel em escala industrial. Lá a meliponicultura é focada nos negócios e conseguiu fazer em cinco anos o que o Brasil não fez em 50.  Precisamos estimular os criadores brasileiros a se profissionalizarem de maneira sustentável dos pontos de vista ambiental, social e econômico para que essa atividade se fortaleça”. A afirmação é do pesquisador da Embrapa Meio Ambiente Dr. Cristiano Menezes, apresentada no 1º Encontro de Meliponicultores da região de Presidente Prudente, evento realizado nesse sábado (19), na Unoeste.
 
Durante a iniciativa organizada pelo Grupo de Pesquisa com Abelhas da universidade (Unobee) em parceria com a Fundação Educacional de Andradina (FEA), Cristiano disse que o objetivo da palestra foi mostrar os avanços da meliponicultura e a relevância de se preparar para atender esse mercado que possui várias vertentes. “Existem pessoas que compram colônias para a criação como estimação, um segmento extremamente forte e rentável. O próprio mel com sabores e aromas peculiares agrega muito valor, por exemplo, o mel da mandaçaia é um dos melhores que a gente tem no Brasil e é produzido na região de Prudente. Existe também a venda ou aluguel das abelhas para os agricultores que as colocam nas plantações para a polinização”.
 
O pesquisador acrescenta outro segmento relativamente novo que é o da educação ambiental. “Como essas abelhas não picam, as pessoas podem usar como mecanismo didático nas escolas, para mostrar a importância do meio ambiente, do uso sustentável da terra e, principalmente, do benefício que a agricultura e a humanidade têm pela presença de um ecossistema bem preservado”.
 
Para ele, apresentar esse rol de informações foi uma maneira de incentivar os produtores a se capacitarem, pois a meliponicultura é uma atividade ambientalmente interessante com insetos nativos do Brasil. “Para transformar isso em renda, precisamos dar um passo a mais, voltado para a criação com seriedade focada no mercado”.
 
Cristiano citou que existem várias cidades no país com meliponicultores produzindo em grande escala.  Em Mossoró (RN), temos o Paulo Menezes com a criação da abelha jandaíra. Ele organizou essa cadeia de forma profissional, possui em torno de 600 colmeias e produz mel comercialmente. Já na região da Barra do Corda (MA), o Wilson Mello é um produtor de destaque da abelha tubi com 900 colmeias e na Baixada Maranhense tem a tiúba do maranhão com muitos meliponicultores organizados”.
 
Nesse contexto de destaque, o pesquisador enfatizou que além da profissionalização, é relevante a criação de insetos adaptados ao próprio ambiente. “A gente vê muitas abelhas trazidas de outros locais, entendo que existe um carinho pela espécie a ponto de colecioná-la, mas isso não é produtivo. Por mais que tenha uma espécie presente em vários lugares, ela tem subpopulações com diferenças genéticas e fisiológicas que vão ser mais produtivas às regiões em que estão adaptadas. Por exemplo, a jataí está em quase todo o Brasil, mas se comparamos a espécie do Amazonas com a do Rio Grande do Sul, percebemos que são distintas”.
 
Segundo ele, o estado de São Paulo tem menos tradição de grandes meliponicultores.   “Existem pequenos produtores que não visam a produção de mel e, sim, estão focados na venda das colmeias. Nesse  contexto, eles não conseguem ampliar o plantel, pois estão sempre vendendo a maior parte das suas colônias. Isso precisa mudar, o meliponicultor precisa estabelecer um plantel de produção e vender as filhas da colmeia”.
 
Foto: Cedida Transferência de um enxame de isca para uma caixa foi uma das atividades práticas
Transferência de um enxame de isca para uma caixa foi uma das atividades práticas

Sobre a vinda à Unoeste, Cristiano achou muito interessante esse encontro. “Mais do que compartilhar conhecimento, tive a oportunidade de conhecer as características da meliponicultura daqui, até para poder contribuir melhor com as diferenças regionais”. Pontua que o meliponicultor, em geral, possui conflitos com a legislação e com a relação das abelhas com os agrotóxicos. “Eles ficam muito inflamados com essas discussões e acabam se distanciando da atividade produtiva. Acredito que esse momento foi importante para que eles pudessem se conhecer e se organizar para tornar a atividade mais atrativa e rentável”, conclui.
 
Paulo Monteiro é de Regente Feijó (SP) e está na meliponicultura há três anos. Além de vender mel, ele faz a troca e a comercialização de enxames de várias espécies como a mandaçaia, tubuna e jataí. “A paixão pelas abelhas foi um dos aspectos que me motivou a ingressar nesse tipo de produção e, apesar de pouco tempo, já visualizei um retorno financeiro importante”.  Para ele, esse evento sediado na Unoeste possibilitou uma experiência diferenciada. “A universidade é referência no conhecimento científico, então achei interessante participar. Além de aprimorar as relações com os outros produtores, absorvi informações teóricas e práticas que podem agregar valor para a minha atividade”.
 
Organização
Cassia Regina de Avelar Gomes, da Fundação Educacional de Andradina (FEA), comenta que é meliponicultura urbana e integra o grupo “Abelhudos DDD 18”. Segundo ela, surgiu a necessidade de um encontro para reunir os produtores que são de várias cidades, como Penápolis, Araçatuba, Birigui e Ourinhos. “De maneira unânime prevaleceu realizar esse momento em Prudente e acionamos a Unoeste para uma parceria. Esse evento foi importante, principalmente para a transmissão de conhecimentos técnicos e a troca de experiências”, diz.
 
A professora da Unoeste e coordenadora do Unobee, Ana Paula Zago, explica que o evento consistiu em palestras no período da manhã e atividades práticas à tarde. “Nesse segundo momento, os produtores levaram alguns enxames de abelhas sem ferrão e trocaram experiências com relação às características desses insetos. Também foram realizadas transferências de enxames de iscas para as caixas, com o intuito de demonstrar a maneira correta de fazer tal atividade para que as abelhas não sejam prejudicadas”.
 
Segundo ela, o evento foi melhor do que o esperado. “Nosso objetivo principal era manter o contato com os produtores e também ter uma base das espécies de abelhas que cada um está criando. Além disso, tivemos a chance de demonstrar as técnicas adequadas de manejo e de conservação, abordando também a importância do seguimento das leis na criação desses insetos”, finaliza.

Notícia disponibilizada pela Assessoria de Imprensa da Unoeste

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