Estresse pode ser benéfico

O estresse é a resposta de adaptação do organismo diante de uma exigência que o sobrecarrega física ou psicologicamente. Trata-se de um mecanismo de autopreservação da mente e do corpo, ativado sempre que fatores desencadeantes – do meio ou da própria personalidade do ser humano – aparecem. O estresse, contrariando o pensamento da maioria da população, não é um mal em si, tampouco pode ser considerado uma doença. Na dose certa pode contribuir beneficamente para a vida das pessoas, agindo como um agente motivador para novas iniciativas.

Quem afirma é a psicóloga Fátima Cristina Luiz Leonardo, da Gerência de Recursos Humanos do HU (Hospital Universitário Dr. Domingos Leonardo Cerávolo) e da Unoeste (Universidade do Oeste Paulista). Segundo ela, o estresse está presente constantemente em nossas vidas, impulsionando mudanças e trazendo motivação. “No auge da vida produtiva, ele (o estresse) impulsiona, motiva, dá energia e vontade de mudar”, diz.

No entanto, a linha que separa o estresse benéfico do prejudicial deve ser bem delimitada. Mesmo não sendo considerado por especialistas como doença propriamente dita, pode se tornar prejudicial, na medida em que desencadeia outros males ao organismo. “Quando se manifesta de forma exagerada, o agente motivador tem o efeito contrário, ou seja, paralisa a pessoa, impedindo-a de ir adiante em suas ações, de seguir em frente com a sua vida. O excesso de estresse é uma porta de entrada para as mais variadas doenças físicas, pois deixa frágil o sistema de defesa do organismo humano”, afirma Leonardo.

Os primeiros sinais de que algo não vai bem são: dores de cabeça, nó no estômago, palidez, tensão e suor nas mãos. Se medidas não forem tomadas para desacelerar o ritmo de vida, rapidamente esse quadro evolui para enxaquecas, alergias, herpes, hipertensão e depressão, podendo chegar ao “esgotamento” físico, caracterizado por úlceras, infarto e câncer. Tudo isso pode vir acompanhado de reações psicológicas, como ansiedade, medos e fobias, desânimo, agressividade e isolamento. “O estresse ainda interfere - e muito – na vida sexual do indivíduo, além de aumentar o consumo de cigarros, bebidas e drogas medicamentosas”, ressalta a psicóloga.

Causas e tratamento – Não há causas absolutas para o estresse, pois cada um reage de forma diferente a possíveis fatores desencadeantes. Se saltar de pára-quedas é um passatempo e um divertimento para uns, para outros, só a idéia pode soar aterradora. As causas para o estresse são muito individuais, e variam de acordo com a vida da pessoa, sua personalidade, crenças e formas de interpretar o mundo. No entanto, segundo a psicóloga, fatos como violência urbana diária, perda da estabilidade econômica, dificuldades sexuais, morte de pessoas próximas, mudanças imprevistas, divórcio e conflitos no trabalho são os desencadeantes mais comuns.

“Independente da situação, o recomendável é quebrar a rotina com atividades que não se está acostumado a fazer e que proporcionem relaxamento e prazer. Lavar o carro, cozinhar e passear podem ser uma boa saída para essas situações. A prática de exercícios físicos também é uma grande aliada contra a depressão, pois libera endorfina - substância produzida pelo cérebro em resposta à atividade física, visando relaxar e preservar-nos da dor, proporcionando enorme prazer”, explica Leonardo.

Ela ainda salienta que caminhadas regulares associadas à alimentação balanceada podem trazer bons resultados: “Cuidar bem da alimentação, tomar bastante água e consumir alimentos saudáveis é muito importante. A falta de ferro no organismo interfere no humor, por isso, é necessário incluir fontes desse nutriente no cardápio, como feijão e couve”, diz a psicóloga.