Habitação social x impactos ambientais
Estudo avalia efeitos gerados pelos empreendimentos sociais

Os conjuntos de habitação social são vistos como alternativa para que a população de baixa renda concretize o sonho da casa própria. Em Presidente Prudente, a expectativa não é diferente e o município possui diversos empreendimentos residenciais voltados para este público. Este tipo de produção habitacional gera impactos que podem ser identificados por meio de estudos, como a iniciação científica realizada pelo curso de Arquitetura e Urbanismo da Unoeste, intitulada “Conjuntos de habitação social – estimuladores de impactos ambientais?”.
A principal ideia do projeto é contribuir para uma análise crítica sobre a produção da habitação de baixa renda em cidades médias, no período entre 1997 e 1999, levando em consideração as questões ambientais. Embasada no estudo de caso de Presidente Prudente, a iniciativa relacionou a implantação de empreendimentos residenciais para a baixa renda com os efeitos no território municipal, além da possibilidade de expansão territorial e os impactos ao meio ambiente.
Participaram da pesquisa as alunas, Tauana Rodrigues Batista, Letícia Pirola Maziero e Brysa Yanara de Mendonça Thomazini, com a orientação das docentes Marcela do Carmo Vieira e Sibila Corral de Arêa Leão Honda. “Escolhemos esses anos, pois compreendem uma época em que surgiram cinco grandes conjuntos habitacionais chamados jardins Maracanã, Cecap II, Cobral, São João e Maré Mansa, sendo que o último foi loteado por incorporadora privada, enquanto os demais financiados pela Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU), do governo do Estado de São Paulo”, explica Sibila.
Em relação às conclusões geradas pelo estudo, Sibila declara que a implantação de conjuntos de habitação social em vazios urbanos deveria ser estimulada. Sendo que as análises ambientais locais precisam ocorrer durante os processos de projeção, aprovação e execução, já que vários destes conjuntos estão ligados a sérios processos de deterioração ambiental. “Verifica-se que a implantação desses empreendimentos na franja urbana ou além dela pode causar grandes impactos ambientais em áreas naturais, embora sua locação em áreas já urbanizadas não exclui diretamente a possibilidade de agressão aos fundos de vale ou outros ambientes frágeis. A ação, controle e direcionamento municipal na estruturação e expansão urbanas são fundamentais. O planejamento e a gestão urbana são ferramentas de política pública de grande importância, na tentativa de redução de impactos ambientais e sociais”, completa a orientadora.
Sobre a contribuição do estudo para a formação das acadêmicas, Sibila destaca que elas tiveram a oportunidade de visualizar uma realidade de habitação social. “Esta é uma das principais áreas trabalhadas pela arquitetura, sendo que elas terão condições de atuarem neste campo. Vale lembrar que o aspecto da realidade urbana também é trabalhado pelo arquiteto, estando diretamente relacionado aos diversos aspectos como localização e integração urbana”.
Para Tauana a pesquisa possibilitou uma experiência diferenciada. “Percebi a importância do arquiteto na formação das cidades. Com certeza, estou mais preparada para exercer em breve o meu papel profissional”.
Resultados observados
Maré Mansa – Localização do loteamento gera problemas de instalação de infraestrutura urbana, criando dificuldades de mobilidade urbana aos moradores. Em relação às questões ambientais é importante destacar que o bairro está em área de manancial, junto a diversas nascentes.
Maracanã – Verifica-se que este conjunto encontra-se em área baixa, fundo de vale. O córrego existente foi canalizado eliminando a vegetação da Área de Proteção Ambiental.
Cecap II – Área não está próxima aos fundos de vale ou APP’s. Implantação do empreendimento social não demonstra impactos diretos ao meio ambiente natural. É exemplo positivo de execução de conjunto habitacional no espaço urbano.
São João – Localização oferece fácil mobilidade urbana, com oferta de serviços e equipamentos públicos. É uma das regiões mais altas da cidade. Verificação das características urbanas, ambientais e sociais, percebe-se adequada implantação.
Cobral – Oferta de serviços e equipamentos públicos é adequada. No entanto, há carência relacionada à mobilidade urbana e percebe-se também que o empreendimento está locado em área de fundo de vale, bastante próximo à APP.
Notícia disponibilizada pela Assessoria de Imprensa da Unoeste