Doenças da tireóide: Estudo alerta para consumo de iodo
Pesquisa da USP diz que escolares de SP ingerem produto em excesso; médico recomenda observar sintomas

Um estudo realizado em todo o Estado de São Paulo por pesquisadores da Unidade de Tireóide da Faculdade de Medicina da USP revela: crianças em idade escolar apresentam índices de iodo no organismo acima do recomendável. O médico endocrinologista e diretor da Faculdade de Medicina da Unoeste, Fernando Pimentel, alerta sobre os riscos do desenvolvimento de doenças da tireóide, causadas pelo excesso de ingestão iodo.
“A população estudada abrangeu 844 escolares de várias regiões do estado. Os resultados mostraram que 75% dos escolares avaliados apresentavam valores de iodo urinário acima do que é considerado adequado”, explica Pimentel. Cerca de 100 crianças – quase 12% da população pesquisada – residem na região de Presidente Prudente.
O estudo, que foi publicado no final do ano passado nos Arquivos Brasileiros de endocrinologia, verificou o consumo atual de iodo pela população do Estado de São Paulo e suas eventuais conseqüências para a glândula tireóide. Os pesquisadores recomendaram às autoridades do Ministério da Saúde e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, uma revisão das normas relativas à adição de iodo ao sal de consumo humano.
Embora a pesquisa tenha sido feita com escolares, o estudo reflete – segundo Pimentel – a ingestão exagerada de iodo na alimentação da população em geral. “Isso pode contribuir para aumentar o número de doenças tiroidianas, principalmente em idosos que ficam sujeitos a apresentar arritmias cardíacas devido ao quadro de hipertiroidismo, o que pode colocar a vida do paciente em risco”, alerta.
“É preciso que a população fique atenta aos sintomas. O excesso ou a falta de iodo pode causar doenças como aumento da glândula com ou sem formação de nódulos, hipertiroidismo e hipertiroidismo”, explica Pimentel.
Segundo o especialista, pode haver ainda diminuição da fertilidade, aumento da mortalidade perinatal, retardo do crescimento, deficiência mental, entre outros.
Hiper e hipo – O hipertiroidismo diz respeito ao aumento do funcionamento da glândula, podendo causar perda de peso, aumento da freqüência cardíaca, tremores nas extremidades, nervosismo, insônia, alterações de alegria e tristeza, entre outros sintomas. Já o hipotiroidismo apresenta sintomas opostos aos do hipertiroidismo, como sonolência, queda de cabelo, intestino preso, pele ressecada, dificuldades de perder peso, dificuldade de memorização e raciocínio lento.
O iodo é um elemento essencial para o funcionamento da glândula tireóide. Ele é necessário para o crescimento normal das crianças, além do desenvolvimento e funcionamento adequado do sistema nervoso e de todo o corpo.
A glândula tireóide por sua vez, produz, armazena e libera hormônios na corrente sangüínea. Estes hormônios, também conhecidos como T3 e T4, agem em quase todas as células do corpo, e ajudam a controlar suas funções.
A deficiência de iodo no organismo é associada a uma grande quantidade de doenças da tireóide (algumas citadas anteriormente). Segundo Pimentel, essas alterações podem ser corrigidas eficientemente com a adição de iodo ao sal da cozinha, sendo esta uma recomendação da Organização Mundial de Saúde.
“Por isso, as pessoas precisam estar atentas aos sintomas. O iodo, de acordo com a lei, é adicionado pela refinarias ao sal de cozinha. Em casa, não há como saber se o sal contém iodo em excesso ou não, mas se estiver, aumenta consideravelmente as chances de se desenvolver doenças da tireóide”, ressalta.
O Iodo
Encontrado na natureza sob forma de indiferentes compostos ou moléculas diatômicas, o iodo tem função fisiológica na regulação da glândula tireóide, além de formar compostos largamente empregados na indústria química.
Iodo é um elemento químico de símbolo I, pertencente ao grupo dos halogênios, do qual também fazem parte o flúor, o cloro, o bromo e o astato. Descoberto em 1811 pelo francês Bernad Courtois, fabricante de salitre, o elemento foi estudado por Gay-Lussac e Humphry Davy e, em 1813, batizado de iodo — do grego ioeides, “violeta”, em alusão à coloração do vapor por ele liberado.
Notícia disponibilizada pela Assessoria de Imprensa da Unoeste