HPV aumenta entre os adolescentes
Cerca de 80% dos jovens brasileiros são portadores da doença; mulheres no início da atividade sexual são as mais atingidas

O HPV (Papilomavírus Humano) é a doença sexualmente transmissível mais comum entre os jovens brasileiros. Causada por um grupo de vírus que inclui mais de 100 subtipos, já contaminou 80% da juventude do país. Mulheres no início da atividade sexual até os 19 anos são as mais atingidas por esse mal, que é uma das causas do câncer de colo de útero. A falta de conscientização e a resistência ao tratamento são grandes responsáveis pelo aumento de casos da doença, que tem como agravante a difícil visualização de suas lesões à vista desarmada e a falta de sintomas, o que dificulta a detecção precoce pelo paciente.
Quem informa é a ginecologista Suzete Motta Peretti, do HU (Hospital Universitário Dr. Domingos Leonardo Cerávolo). Segundo ela, na maioria dos casos os sintomas demoram a aparecer e os portadores seguem mantendo relações sexuais e contaminando outras pessoas. “O HPV é transmitido pelo contato sexual e se manifesta principalmente na região genital, na forma de verrugas e lesões. Daí vem a importância de se usar camisinha, que, mesmo não protegendo totalmente – afinal, pode haver lesões na bolsa escrotal, vulva e região perianal – ajuda a prevenir a transmissão”, diz a médica.
A ginecologista ressalta que o problema dos jovens não é a falta de informação em relação ao vírus, uma vez que há muita divulgação sobre o tema, principalmente no meio adolescente. “O que realmente ocorre é que os jovens não acreditam que podem ser contaminados, acham que não vai acontecer com eles. E, quando contaminados, resistem ao tratamento, principalmente às meninas, por medo ou vergonha de exposição”, diz.
O HPV se apresenta de várias formas, que variam de acordo com o tipo de lesão, que pode ser interna – como, por exemplo, as verrugas uterinas – ou externas, como o condiloma, mais conhecido como crista de galo. Algumas podem ficar décadas sem causar sintoma algum, porém, é importante e necessário o acompanhamento de um ginecologista uma vez ao ano. “O período crítico da doença tem duração de dois anos e requer o acompanhamento intensivo do especialista. Depois, a paciente volta à sua rotina normal, retornando uma vez ao ano ao consultório”, explica Suzete.
Câncer de colo de útero – Cerca de 1% dos casos de HPV desenvolve feridas no colo do útero, podendo evoluir para o câncer nessa região. Até mesmo as lesões de baixo grau, se não forem controladas dentro de quatro anos, podem avançar para o câncer de colo uterino. “Esse câncer atinge 22 mil brasileiras ao ano. O número é alto, mas a doença possui cura total. Mas, para isso, é imprescindível procurar um ginecologista o mais rápido possível”, alerta a especialista.
A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou esta semana a primeira vacina que protege as mulheres contra o HPV (Papilomavírus Humano). Conhecida como Gardasil, é indicada para mulheres entre nove e 26 anos que ainda não iniciaram sua vida sexual, e, portanto, ainda não tiveram contato com o vírus. A droga deve chegar ao Brasil até o final do ano, mas ainda não se sabe se sua distribuição será disponibilizada pela rede pública de saúde. Segundo o jornal Folha de S.Paulo, a vacina já está sendo ofertada nos serviços privados americanos e custa em média U$ 120 a dose. São necessárias três doses para a imunização completa.
O HPV é uma das principais causas do câncer de colo de útero, que afeta cerca de 22 mil brasileiras ao ano, com aproximadamente sete mil vítimas fatais no mesmo período. Entre os fatores de risco para o HPV destacam-se: idade precoce, multiplicidade de parceiros, baixo estado nutricional, queda da imunidade e DSTs (Doenças Sexualmente Transmissíveis) associadas.
Para a ginecologista Suzete Motta Peretti, é importante esclarecer que esta é uma forma de prevenção, o que significa que não protege quem já está contaminado. Ela salienta que, por ser novidade, a droga provavelmente chegará ao Brasil com um custo alto, podendo se tornar pouco acessível, principalmente nas camadas pobres da população. “É complicado afirmar isso, especialmente para os jovens, mas a forma mais eficaz de prevenção ainda é a abstinência sexual”, diz a médica.
A Gardasil atingirá uma parcela de 26 milhões de brasileiras que compreendem a faixa etária da vacina. A imunização não será para todos os tipos de câncer de colo de útero, apenas para 70% deles.
Notícia disponibilizada pela Assessoria de Imprensa da Unoeste