Nutrição é aliada em tratamento renal
Alimentação adequada pode evitar que paciente seja submetido a sessões de hemodiálise; prevenção começa pela boca

Comer bem, sem excessos e na quantidade ajustada de líquidos, sódio, proteínas e fósforo, entre outros componentes alimentares, é o grande trunfo do paciente renal crônico. A função renal já debilitada e os conseqüentes problemas para “filtrar” o sangue de impurezas acumuladas pelo organismo, resultam no acúmulo de algumas substâncias que, em excesso, são capazes de provocar inchaços e edemas pelo corpo. Para evitar esse acúmulo e garantir o sucesso do tratamento, é necessário que o paciente adote uma dieta de controle de alguns alimentos. Essa dieta, segundo a nutricionista Giovana Mochi Davanço, que coordena o programa de pós-graduação em Nutrição Clínica oferecido pela Unoeste (Universidade do Oeste Paulista), é muito particular a cada paciente e deve ser elaborada por um especialista em nutrição.
“Pacientes renais crônicos são muito complexos e, por isso, suas dietas são muito específicas, podendo variar de acordo com seu peso, estatura, idade, condições físicas e gravidade do quadro clínico. Quando o tratamento é precoce, a alimentação correta se torna muito benéfica, podendo melhorar as condições físicas do doente e até mesmo evitar que este seja submetido à diálise”, diz Davanço.
Segundo a nutricionista, há duas modalidades de terapia nutricional para esses casos: a dieta conservadora, que tem como objetivo retardar a diálise em pacientes que ainda não foram submetidos ao procedimento; e a dieta dialítica, para pacientes que realizam as sessões de diálise.
“A dieta conservadora é hipoprotéica (pobre em proteínas) e se baseia no controle rigoroso da proteína animal - encontrada em carnes, leite e produtos derivados. Esses alimentos elevam o teor de uréia, creatinina e fósforo, que não são filtrados pelo rim do paciente, resultando em aumento no organismo e em problemas graves como anorexia, náuseas, vômitos, perda de atenção e memória, sonolência. Por isso, recomendamos a substituição da proteína animal pela vegetal, que, entre outros benefícios, após preparo adequado, também se torna pobre em potássio, outro nutriente que geralmente encontra-se em excesso no doente renal pela dificuldade de excreção. Essa modalidade de alimentação inclui o controle da ingestão de sódio para evitar o edema”, explica Davanço.
Pacientes em diálise, que sofrem menos com os excessos de substâncias – uma vez que estas são “filtradas” pelo rim artificial e eliminadas durante as sessões de hemodiálise – devem manter uma dieta hiperprotéica, ou seja, rica em proteína animal e vegetal. De acordo com a nutricionista, trata-se de uma dieta mais fácil de ser seguida pelo paciente, pois as restrições alimentares são menos severas.
“Essas duas modalidades de alimentação não são estáticas, e devem ser adequadas de acordo com as necessidades nutricionais e o tratamento seguido por cada paciente. Sua elaboração requer um estudo minucioso dos hábitos alimentares e comportamentais do renal crônico, da evolução da doença e do andamento de seu tratamento. Algumas recomendações, como evitar o excesso de sódio e líquidos é considerada regra básica, mas há muitas outras particularidades a serem respeitadas”, informa a nutricionista.
Pesquisas revelam que, de um modo geral, as pessoas não têm o hábito de controlar a função renal e só passam a se preocupar com a alimentação a partir do momento em que recebem o diagnóstico positivo da doença. Mas, para evitar que isso aconteça, uma das alternativas é adotar uma dieta preventiva que além de reduzir as chances de problemas renais, também podem minimizar o quadro clínico dos que já estão em tratamento.
“Uma dieta saudável pode evitar não apenas a doença renal crônica, mas também outros males. O ideal é consumir bastante hortaliças com uma quantidade moderada de carne. Isso porque as carnes apresentam grande concentração de uréia e creatinina que se acumulam facilmente no organismo e são prejudiciais ao funcionamento dos rins”, alerta a nutricionista Giovana Mochi Davanço.
Ela ainda recomenda a substituição das carnes por soja, grão de bico e lentilha algumas vezes na semana, além de evitar o excesso de sódio.
“O sódio é encontrado principalmente no sal, que está presente em grande quantidade nos alimentos industrializados, enlatados, embutidos e em temperos prontos. Assim, esses produtos devem ser consumidos esporadicamente para que não resultem em conseqüências indesejáveis à saúde”, finaliza Davanço.
Notícia disponibilizada pela Assessoria de Imprensa da Unoeste