Bagaço da cana é alternativa para energia limpa e renovável
Usinas precisam renovar equipamentos para produzirem excedentes de energia e comercializarem


“Cogeração de energia a partir do bagaço de cana-de-açúcar” foi assunto do terceiro dia da IV Tecnosucro – Semana de Tecnologia Sucroalcooleira da Unoeste, que ocorreu nesta quarta-feira (25), no campus II. O tema foi abordado pelo doutor Ricardo Alan Verdú Ramos, coordenador do grupo de Pesquisa ‘Fontes Renováveis e Aproveitamento de Energia’ e do Núcleo de Planejamento Energético e Cogeração (Nuplen). Cerca de 200 pessoas participaram do evento.
Atualmente, são quase 450 usinas no país, sendo que todas são autossuficientes energeticamente, e utilizam o bagaço para cogeração de energia (vapor e eletricidade, simultaneamente, a partir de uma única fonte de energia – o bagaço) para atender suas próprias necessidades. Deste total, conforme dados apresentados pelo palestrante, somente 25% possuem excedentes para a exportação, utilizando a mesma quantidade de bagaço.
Durante o evento, ele apresentou casos teóricos e simulações de usinas que utilizam desses potenciais para produzir bioeletricidade. “Não é necessário aumentar a área de plantio, mas sim renovar os equipamentos, como caldeiras e turbinas, para conseguirem comercializar”, destaca. Segundo dados da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), a cana é a segunda maior fonte da matriz energética brasileira, considerada a mais limpa do mundo.
A palha que ficava no campo, em breve será introduzida nas indústrias, afirma o coordenador do Nuplen. Segundo ele, algumas usinas já utilizam, em menor proporção, mistura com o bagaço para geração de energia. “Já existem tecnologias de caldeiras próprias para queimar palha ou até mesmo para utilizar sua gaseificação para energia elétrica”, conta. No futuro, para a geração de energia, além do bagaço, as usinas utilizarão a vinhaça no processo de produção de biogás e a folha da cana-de-açúcar através da digestão do processo químico.
Conforme ele, se comparar o valor da energia térmica do bagaço com a energia hidrelétrica e termoelétrica a gás, ela está em segundo lugar. “É um preço intermediário, já que a energia a gás chega a ser três vezes mais cara que a do bagaço da cana-de-açúcar”.
Tecnologias sustentáveis – De acordo com Ramos, a vinhaça in natura é bastante poluidora, por isso, as novas tecnologias surgem a favor do meio ambiente. “Com a gaseificação da vinhaça ela não perde o poder fertilizante, mas pode ser utilizada também para biogás e reduzir o impacto ambiental”.
IV Tecnosucro – Segundo a coordenadora do curso superior de tecnologia em Produção Sucroalcooleira, Angela Madalena Marchizelli Godinho, as palestras têm atraído profissionais da área e estudantes de vários cursos, inclusive de outras instituições. Para o aluno do 3º termo Produção Sucroalcooleira da Unoeste, Murilo Alonso Dogna, 18 anos, os temas das palestras estão lhe proporcionando uma visão mais ampla do mercado. “Estamos conhecendo novidades tecnológicas que favorecem o setor. Além disso, o comprometimento dos profissionais com o meio ambiente é bastante interessante”, relata.
A IV Tecnosucro continua nesta quinta-feira (26), a partir das 19h30, no auditório Azaleia, campus II. O tema “novas tecnologias para o manejo da vinhaça” será abordado pelo doutor Sérgio Antonio Veronez de Souza, de Piracicaba (SP).
Notícia disponibilizada pela Assessoria de Imprensa da Unoeste