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Palestras esmiúçam determinantes sociais de saúde

Encontro em três dias é voltado ao 5º termo do curso de Medicina


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Foto: Matheus Teixeira Palestras esmiúçam determinantes sociais de saúde
Dra. Ruth Künzli afirma que comportamento dos índios deve ser tão analisado quanto a parte biológica
Foto: Matheus Teixeira Palestras esmiúçam determinantes sociais de saúde
Professor José Bressa: sintomas da anemia falciforme, prevalente em negros, aparecem em toda a vida
Foto: Matheus Teixeira Palestras esmiúçam determinantes sociais de saúde
Superlotação em presídios brasileiros complica isolamento de doenças, conforme promotor Mário Coimbra


Um ciclo de palestras realizado nesta semana para o 5º termo curso de Medicina da Unoeste aborda alguns determinantes sociais de saúde, um dos conteúdos tratados pela Dra. Édima de Souza Mattos na disciplina que ministra no Programa de Aproximação Progressiva à Prática (Papp). Trazer profissionais de renome para ampliar as discussões acerca do tema se deve, de acordo com ela, ao fato de a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde voltarem as atenções a esses determinantes para promover uma medicina mais preventiva.

O médico hematologista e professor da Faculdade de Medicina (Famepp) da Unoeste, José Antonio Nascimento Bressa, foi o palestrante de hoje (21), num encontro na sala de vídeo do curso. A abordagem foi sobre a anemia falciforme, uma doença congênita grave prevalente em negros, e que, conforme Bressa, já aos quatro meses de idade se manifesta, com sintomas como dores, alterações ósseas e de desenvolvimento, doenças cardiovasculares, entre muitos outros. Em face das ocorrências regionais da doença, a Unoeste desenvolve um estudo sobre anemia falciforme, idealizado no ano passado.

O Brasil tem o maior número de pessoas acometidas pela anemia falciforme, com exceção da África, explica Bressa. “A variabilidade da hemoglobina S, que protege de infecção pelo plasmódio (parasita causador da malária), é uma característica genética que se perpetuou na África. Quando houve o tráfico negreiro para o Brasil, houve miscigenação de raças e hoje se vê a hemoglobina S disseminada; quando os dois genes são S, o paciente tem anemia falciforme, ao passo que se tiver só um S terá o traço falciforme”. Este não se manifesta, enquanto que para a anemia falciforme o quadro de anemia crônica se estenderá por toda a vida.

Saúde de pessoas privadas de liberdade foi o assunto discorrido ontem (21) pelo promotor de Justiça em Presidente Prudente, Mário Coimbra. Segundo ele, em tese, o direito de acesso pleno à saúde, o que inclui prevenção, tratamento e reestabelecimento, é o mesmo do que para o restante da população, conforme assegura a Constituição Federal. “O Sistema Único de Saúde (SUS) abarca todos os cidadãos, indistintamente. Mas ainda temos um grande problema no Brasil: o acesso do preso à saúde. Se a pessoa que está em liberdade já sofre muito com percalços, filas, exames e consultas que não são marcados, imagine um preso!”.

Em casos emergenciais, o preso é levado ao hospital; nas consultas de rotina, permanece nas unidades prisionais. Na constatação de Coimbra, não há tanta efetividade na assistência médica in loco, pois muitos médicos sequer candidatam-se a concursos para atuação em penitenciárias, sobretudo pelos salários, que aponta como inferiores aos praticados no mercado. “Para suprir isso foi feito um convênio, no Estado de São Paulo, da Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) com a Secretaria da Saúde, permitindo que equipes de saúde deem assistência aos presos. A questão não foi equacionada em todos os territórios paulistas e no restante do Brasil a situação de saúde prisional está muito dramática”.

Mesmo quando as equipes multiprofissionais são atuantes, o promotor diz que passam pelo entrave da superlotação nas celas, algo que dificulta o cuidado, por exemplo, de pessoas com doenças infectocontagiosas. “O Brasil é a quarta população carcerária do mundo, todos os presídios estão, de certa forma, acima da capacidade prisional e há os que não têm instruções mínimas de higiene”. Em 21 unidades prisionais da região de Prudente, a SAP aponta que há capacidade para 14.050 presos, enquanto que a população nos locais é de 23.217 detentos.

Indígenas – A professora da Unesp de Prudente, Ruth Künzli, doutora em arqueologia, foi a primeira a falar no ciclo de palestras, na segunda (19), quando versou sobre os aspectos socioantropológicos e saúde dos indígenas. “Os índios não têm resistências a certas doenças, e a incidência delas tem sido muito maior do que entre a população que os circunda. Então, a partir daí é muito mais difícil tratá-los porque é necessário que haja um entendimento tanto da cultura deles quanto do aspecto físico e das doenças”.

A população que se autodeclara indígena no oeste paulista, somada aos amarelos, é de 2,17%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e a Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade). Os brancos são 61%, os pretos 4,09%, e os pardos 32,75%. Embora a raça indígena não seja tão expressiva na região, dependendo da localidade onde os médicos irão trabalhar, poderão atender indígenas com frequência maior, por isso, Ruth indica aprofundamento em livros, no Museu Nacional do Rio de Janeiro e em demais centros de estudos. “Você não consegue trabalhar com população indígena se não conhecer o mínimo da cultura deles, muito mais mitológica do que propriamente racional”.

Benefício acadêmico – O aluno Marcos Chiba Sakurai, do 5º termo de Medicina, participou das três palestras. Para ele, estudar a fundo os determinantes sociais em saúde é de suma importância, pois garante que a atenção primária é o caminho de desoneração de outros setores do SUS. “Como futuros médicos, precisamos conhecer todos os caminhos desse processo, bem como o inverso. E dissociar atenção básica dos determinantes sociais em saúde é inconcebível em nossa formação, bem como nas práticas de políticas públicas de redução das iniquidades”. Ao saber de que forma deverão tratar cada ser humano, Sakurai acredita que os médicos ficarão bem mais capacitados e humanizados. “Conhecer o biopsicossocial é uma das tarefas mais árduas”, declara Sakurai.

Notícia disponibilizada pela Assessoria de Imprensa da Unoeste

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